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Potencial retaliatório chinês às sanções de Biden e UE poderão entrar nos preços das commodities?

23 mar 2021, 10:29 - atualizado em 23 mar 2021, 14:59
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Comércio bilateral EUA-China entra em momento mais delicado com Joe Biden na presidência (Imagem: Reuters/Aly Song)

A fase 2 do acordo comercial entre Estados Unidos e China já parecia mais distante de ser negociada antes mesmo da recente reunião diplomática no Alasca. Agora, até a fase 1 entra no horizonte de potencial retrocesso, e os próximos passos de Pequim poderão chegar aos preços das commodities.

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Liderado pelos EUA, a União Europeia (UE), Reino Unido e o Canadá adotaram, nesta segunda, sanções contra a China por desrespeito aos Direitos Humanos contra os uigures muçulmanos da província de Xinjiang. O mercado acionário chinês caiu nesta terça (23).

Calculadamente, o líder chinês Xi Jinping mandou retaliar a UE, mas deve estar avaliando como pode atingir os EUA se as sanções interferirem nos cortes de tarifas de seus produtos negociados pelo ex-presidente Donald Trump.

A retaliação mais à mão que o país asiático possui é contra as importações de produtos agropecuários americanos, acordados na fase 1, no início de 2020, e que ainda não atingiram o potencial, apesar da explosão dos embarques de soja, milho, trigo e carnes.

Mas as necessidades de abastecimento vão além da oferta brasileira, por exemplo, daí que os próximos eventos serão importantes para os operadores da Bolsa de Chicago.

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Em 2020, a China comprou 60 milhões de toneladas de soja dos produtores americanos, quase 150% a mais sobre 2019.

Outro exemplo, pequeno se comparado aos embarques brasileiros, mas significativo em termos de crescimento, foi a carne bovina. Foram 30,9 mil toneladas, um avanço de 290%.

Dos US$ 200 bilhões em compras dos Estados Unidos, que agora o presidente Joe Biden coloca em xeque, US$ 12,5 bilhões seriam de compras chinesas do agronegócio no primeiro ano do acordo. Mais US$ 19,5 bilhões neste 2021.

Mesmo com as aquisições crescentes da China no mercado americano, o comércio com o Brasil também explodiu, a ponto de faltar soja até para as indústrias locais, que importaram mais.

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E os preços subiram junto e chegaram à inflação.

Um pequeno corte que venha a ser retaliado por Jinping pode oferecer um suporte para as cotações acima das expectativas.

E ainda há as pendências sobre negociações envolvendo tecnologias e propriedade intelectual que o governo Biden faz coro ao seu antecessor, que se forem alvo de novas ações americanas incendiará mais o tabuleiro geopolítico com repercussões na economia.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.