Powell dá sinal e mercado vê corte de juros nos EUA parece cada vez mais próximo

O discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, reforçou a percepção de que o ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos está cada vez mais próximo. A leitura de analistas é de que a fala trouxe um tom mais “dovish” — favorável ao afrouxamento da política monetária —, o que elevou as apostas de que a redução pode acontecer já em setembro.
O estrategista-chefe da Avenue, William Alves, afirma que Powell chamou atenção para os riscos crescentes de desaceleração no mercado de trabalho, ainda que a economia e o emprego sigam resilientes.
“Essa observação levou o mercado a entender que devemos ter um corte de juros na próxima reunião de setembro, tal qual já vinha sendo esperado nas curvas de juros”, disse.
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O discurso também reacendeu preocupações com uma possível estagflação, mas a reação imediata foi de alívio: dólar em queda, bolsas em alta e juros futuros de curto prazo recuando.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, também pondera que o Fed tem tratado os impactos das tarifas comerciais como pontuais, o que ajuda a afastar temores de uma pressão inflacionária duradoura.
Ele destacou que parte dos dirigentes já defende ao menos um corte neste ano, e que esse cenário favorece países emergentes como o Brasil, ampliando a atratividade do diferencial de juros.
A estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, ressaltou que a reação do mercado foi imediata. Os índices de ações passaram a apresentar alta firme ao considerar o discurso dovish e a probabilidade de corte na reunião de setembro saltou de 75% para mais de 91%, segundo a ferramenta de monitoramento CME FedWatch.
Powell também buscou blindar o Fed de pressões políticas, em meio a críticas recorrentes do presidente Donald Trump, garantindo que decisões seguirão baseadas apenas em dados e no balanço de riscos.