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Powell teme risco de aperto monetário pela metade e rechaça mudança de meta inflacionária

25 ago 2023, 12:49 - atualizado em 25 ago 2023, 12:49
Jerome Powell Inflação Juros
Jerome Powell defendeu a meta de 2% (Imagem: Reuters/Joshua Roberts)

Jerome Powell decidiu fazer um discurso um pouco mais longo no simpósio de Jackson Hole, em comparação à aparição relâmpago do ano passado.

O presidente do Banco Central americano destacou uma evolução no controle da inflação, desde que o Federal Reserve começou a aumentar os juros em março do ano passado. “O PCE [cheio] teve um pico de 7% em julho do ano passado, recuando a 3,3% em julho deste ano”.

Embora reconheça sinais efusivos de um processo de desinflação, reforçados por um melhor equilíbrio no mercado de trabalho e nas cadeias de suprimento, o presidente do BC não se ilude com a ideia de um trabalho concluído.

“O núcleo do PCE alcançou máxima de 5,4% em fevereiro de 2022 e recuou gradualmente até 4,3% em julho deste ano. O recuo nas leituras mensais de junho e julho é bem-vindo, mas significa apenas o começo”, diz o discurso.

O mandatário do Fed disse ainda não ser possível prever se as leituras mais baixas de inflação continuarão e que há ainda um grande terreno para cobrir em termos de estabilidade dos preços.

O medo de um aperto pela metade

“Estamos navegando pelas estrelas, mas sob céus nebulosos”, disse Powell sobre as incertezas macroeconômicas que ainda se colocam à frente da economia americana.

O presidente do Fed destacou riscos de um sobreaperto monetário que poderiam causar problemas desnecessários à economia.

No entanto, ele foi mais enfático nos riscos de um aperto incompleto: “Fazer de menos [na política monetária] pode permitir uma solidificação da inflação acima da meta dos 2%, forçando a uma política monetária mais restritiva sobre a economia. Com isso, o custo seria alto para o emprego”, disse o mandatário.

Diante dessas considerações, Powell entende que as próximas decisões do conselho monetário do Fed precisarão ser embasadas em um balanço de risco meticuloso, sejam elas na direção de uma pausa do aperto ou de continuidade da elevação dos juros (o único cenário ausente, nota-se, é o de corte dos juros).

Para Powell, meta de 2% é inegociável

Um dos destaques do seu discurso foi a defesa intransigente de Powell com relação à meta oficial de 2% da inflação.

“2% é e permanecerá sendo a nossa meta inflacionária. Estamos comprometidos em cumprir e sustentar uma política monetária suficientemente restritiva para trazer a inflação a este patamar ao longo do tempo”, disse o presidente do Fed.

A consideração de Powell não é exatamente uma surpresa, uma vez que  o presidente do BC americano já se posicionou contrário a uma mudança na meta da inflação. Mas esta não é uma posição totalmente solidificada dentro da autarquia.

Há cerca de dois meses, Neel Kashkari e Patrick Harker, presidentes das distritais de Minneapolis e Filadélfia, deixaram aberta a possibilidade de uma nova meta de inflação, após o fim do atual ciclo.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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