Mercados

Pré-market: Mercado faz suas apostas

18 set 2018, 8:08 - atualizado em 18 set 2018, 8:08

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

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O mercado financeiro abraçou de vez o candidato Jair Bolsonaro no pregão de ontem, apoiando-se no melhor desempenho do candidato do PSL no segundo turno, com vantagem frente a alguns oponentes. E essa união pode garantir uma nova sessão de ganhos aos ativos locais hoje, tendo o cenário externo como respaldo para o movimento.

Lá fora, a China prometeu retaliar e impor novas tarifas sobre produtos norte-americanos importados assim que a taxação de 10% sobre US$ 200 bilhões em bens chineses tiver início, em 24 de setembro. Tal ameaça pode levar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a dobrar a sobretaxa, antecipando o início da alta de 25%, prevista apenas para janeiro.

Desse modo, o investidor já enxerga uma vitória da direita populista nas urnas em outubro e uma conquista de Washington sobre Pequim. O problema é que a guerra comercial declarada pelos EUA pode tirar até 0,9 ponto percentual (pp) do crescimento econômico chinês por ano, reduzindo o vigor da economia global e impactando a dinâmica da atividade no mundo.

A China terá, então, que administrar sua política para combater o impacto e estabilizar a economia, a fim de cumprir as metas de longo prazo. Trata-se, portanto, de um conflito que pode durar anos – quiçá, décadas – sendo maior e mais duradouro que o esperado. Até lá, Trump já pode estar aposentado…

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É bom lembrar que Pequim é a maior detentora de títulos dos EUA (Treasuries) e dona da maior reserva internacional de dólares, sendo que uma diversificação desses ativos leva tempo. Enquanto um país emergente, a China ainda precisa passar por reformas estruturais capazes de garantir um crescimento sustentável que alcance sua população de mais de 1 bilhão de pessoas.

Por sua vez, nos EUA, o total de tarifas impostas e ameaçadas soma US$ 517 bilhões, um valor superior aos US$ 505 bilhões importados em bens chineses pelo país no ano passado. Mas essa taxação pode afetar a cadeia global de suprimentos, elevando os preços ao consumidor norte-americano e causando incertezas às empresas dos EUA – principalmente no setor de tecnologia.

Mas a reação do mercado internacional a essa nova taxação é relativamente calma. Os índices futuros das bolsas de Nova York exibem ganhos nesta manhã, após uma sessão positiva na Ásia, o que embala a abertura do pregão na Europa. O dólar mede forças em relação ao euro, mas ganha terreno da libra esterlina. O petróleo recua, diante da preocupação com a demanda.

No Brasil, embora Bolsonaro tenha se mostrado mais competitivo em relação aos rivais,  o índice de rejeição ao candidato segue elevado e pode ser um obstáculo em uma disputa em segundo turno. Além disso, o embate final do pleito também é visto como uma “nova eleição”.

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A começar pelo tempo de rádio e TV dos candidatos durante a propaganda eleitoral, que passa a ser igual. Além disso, os partidos derrotados passam a declarar apoio e formar alianças, escolhendo entre os dois competidores, o que pode influenciar no voto do eleitor. Há, ainda, uma participação quase que “obrigatória” nos debates, com um confronto direto.

Trata-se, portanto, de uma dinâmica nova – e própria – com um intervalo de tempo estreito. Mesmo assim, o investidor começa a projetar tal cenário, uma vez que Bolsonaro consolidou-se na liderança, ao passo que Geraldo Alckmin e Marina Silva estão cada vez mais fracos. Com isso, o segundo lugar pode ficar com Fernando Haddad ou Ciro Gomes.

Daí, então que o mercado financeiro brasileiro aposta em uma disputa entre PSL e PT, diante do crescimento rápido de Haddad nas pesquisas eleitorais por causa da transferência de voto do ex-presidente Lula. E, com isso, o investidor acredita que a chance de Bolsonaro se eleger é grande, devido à rejeição crescente ao PT e sua proposta de governo nos últimos anos.

Já a agenda econômica doméstica desta terça-feira está repleta de divulgações, porém sem grande relevância, o que desloca as atenções para uma nova pesquisa Ibope, que sai apenas à noite. O instituto iniciou a coleta na quarta-feira da semana passada e vai a campo até hoje. Na sexta-feira, sai um novo Datafolha, cuja coleta acontece nesta terça e quarta-feira.

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Ao longo do dia, saem dados regionais da inflação ao consumidor (8h) em meados deste mês, além de uma nova prévia do IGP-M em setembro. Também começa hoje a reunião de dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom), que termina amanhã, quando será anunciada a atualização da taxa básica de juros.

No exterior, destaque para o discurso do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, logo cedo, e para o índice de confiança das construtoras nos Estados Unidos neste mês (11h).

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
olivia.bulla@moneytimes.com.br
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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