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Preço do milho pode subir mais, apoiado por forte demanda da China

27 jan 2021, 18:02 - atualizado em 27 jan 2021, 18:02
Milho
A China está adquirindo quantias recordes de milho dos EUA para alimentar o rebanho de porcos após lidar com um vírus mortal para os animais (Imagem: REUTERS/Henry Romero)

Após chegar à maior cotação em sete anos devido à implacável demanda chinesa, a cotação do milho aparentemente ainda tem fôlego para subir.

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Na terça-feira, o salto no preço foi um dos maiores dos últimos anos, após a China realizar a maior compra diária dos EUA desde julho. A onda de compras está longe de acabar, de acordo com a gigante do agronegócio Archer-Daniels-Midland, que acredita que o enorme apetite da China por importações agrícolas se sustentará por muitos anos.

A China está adquirindo quantias recordes de milho dos EUA para alimentar o rebanho de porcos após lidar com um vírus mortal para os animais. O movimento empurrou os mercados de grãos para os maiores níveis em anos, o que agrava as preocupações em relação à inflação de alimentos em meio ao aumento no número de pessoas que passam fome devido às consequências da pandemia da Covid-19. Gestores de recursos também esperam continuidade dos ganhos e as apostas na alta do milho estão próximas do maior patamar em uma década.

“É especialmente a elevada demanda da China que empurra os preços do milho para cima”, disse Michaela Helbing-Kuhl, analista do Commerzbank. “E como as expectativas são de aumento das importações de milho pelos chineses também nos próximos anos, este é um aspecto fundamental de sustentação dos preços do milho daqui para frente.”

Os contratos futuros de milho de referência subiram 0,8% para US$ 5,3625 por bushel em Chicago, perto do maior preço em sete anos atingido há duas semanas. A cotação avançou 4,1% na terça-feira e acumula alta de 11% no ano.

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Na China, autoridades tomaram medidas para reduzir os preços recordes do milho no mercado doméstico e lidar com a expansão da demanda, incluindo liberar mais importações e vender os estoques governamentais de outras commodities, como o trigo. O Centro Nacional de Informações sobre Grãos e Óleos da China pediu que os operadores do mercado não acumulem milho, uma vez que os estoques estão três vezes maiores do que há um ano.

Perspectiva para a demanda

A recomposição de estoques globais de itens como milho e soja deve demorar de 18 a 24 meses, calcula a ADM (Imagem: REUTERS/Jorge Adorno)

A ADM calcula que a China importará um recorde de 25 milhões de toneladas de milho de todas as origens nesta temporada e entende que este nível é sustentável no futuro, afirmou o CEO Juan Luciano na terça-feira. A trading espera que a recomposição de estoques globais de itens como milho e soja demore de 18 a 24 meses.

Dados divulgados pelo governo dos EUA na terça-feira mostram que os exportadores americanos venderam 1,36 milhão de toneladas de milho para a China para entrega até o final de agosto. A quantidade surpreendeu o mercado, segundo a consultoria britânica CRM AgriCommodities.

Para os operadores, a venda para a China foi um “novo lembrete de que os estoques domésticos estão diminuindo ainda mais”, afirmou Ben Potter, analista da consultoria americana Farm Futures, em relatório.

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Também em Chicago, a soja subiu 0,8% e o trigo avançou. Os contratos futuros de soja são sustentados pela iniciativa da China de comprar mais dos EUA depois que o Brasil, maior exportador mundial da oleaginosa, enfrentou uma seca que atrasou o plantio e após chuvas atrasarem a colheita. Protestos de caminhoneiros também causaram atrasos em um grande centro de exportação na Argentina, outro país importante para a oferta de soja.

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bloomberg@moneytimes.com.br