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Prepare o bolso: Ovos de Páscoa devem contar com preços ‘salgados’; Cacau Show prevê salto de quase 13%

01 mar 2024, 17:49 - atualizado em 01 mar 2024, 17:49
cacau chocolate
A quebra ocorre em função de doenças que têm afetado os cacaueiros e dificuldades financeiras para investimentos em tratos das lavouras (Imagem: Pixabay/skoddeheimen)

O consumidor já pode esperar por preços mais “dolorosos” na hora de realizar a compra de ovos de Páscoa e chocolates neste ano de 2024.

Isso porque os preços globais do cacau, principal matéria-prima dos produtos, segue em disparada no mercado internacional. O principal fator que tem influenciado os preços globais é o balanço global de oferta e demanda mais apertado.

O ano deve ser o terceiro consecutivo de déficit no balanço global, em que a demanda do mundo pelo cacau supera a oferta.

“Esse é um cenário bastante raro para o mercado de cacau, e por isso gera tanta preocupação. A última vez que o mundo viu três déficits consecutivos foi em 1969. Dessa forma, com os operadores antecipando esse novo déficit neste ano, os estoques globais de cacau também devem sofrer baixas significativas”, diz Leonardo Rossetti, analista do mercado de cacau na StoneX.

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O principal motivo para essa queda na oferta fica por conta da quebra de safra na Costa do Marfim e Gana, os dois maiores produtores da commodity no mundo, que respondem por 60% da produção global. 

A quebra ocorre em função de doenças que têm afetado os cacaueiros e dificuldades financeiras para investimentos em tratos das lavouras e adubação adequada.

Por outro lado, a demanda tem se mostrado mais resiliente do que todos esperavam. As companhias de chocolates e de produtos que utilizam derivados de cacau (como o pó de cacau) têm operado com margens mais estreitas e feito aos poucos repasses desses maiores custos para os preços ao consumidor final”, analisa Rossetti. 

No entanto, destaca, apesar dos preços mais caros, a demanda por esses produtos tem se mostrado muito mais firme do que todos esperavam, tendo mostrado pouca retração até o momento.

E a commodity no Brasil?

O analista da StoneX ressalta que o Brasil acompanha essas altas de preços no mercado internacional.

“Apesar de termos nossa produção, nós ainda temos que importar parte do cacau que consumimos. Dessa forma, o mercado brasileiro usa a bolsa dos Estados Unidos como referência para a precificação do cacau, o que traz uma influência direta das altas no mercado internacional para o nosso mercado doméstico”, diz. 

Enquanto os preços na bolsa de Nova York acumulam desde o início de 2023 uma valorização de cerca de 110%, os preços do cacau na Bahia nesse mesmo período avançaram cerca de 97%.

“Dessa forma, a indústria chocolateira no Brasil também tem sofrido bastante com os custos com a matéria-prima e deve continuar repassando esses custos ao produto, ainda que em menor intensidade, ou reduzindo o tamanho de seus produtos. Essas mudanças já devem ser notadas nessa Páscoa, o que também pode ter impacto no desempenho das vendas desses produtos”, completa.

Cacau Show projeta maiores vendas e preços

Na avaliação do vice-presidente da Cacau Show, Daniel Roque, a previsão de aumento dos preços para a campanha de 2024 é de pouco mais de 6,7% em relação a 2023.

“Os recentes movimentos de aumento no preço do cacau nos obrigaram a fazer um novo reajuste nos preços dos ovos de Páscoa. Muito distante do que aconteceu com o cacau, que já superou 75% de aumento acumulado desde o início do ano de 2024, os nossos ovos de Páscoa totalizaram uma alta de 12,9% nos preços“, explica.

Do ano passado para cá, a empresa abriu 548 novas lojas, além de ampliar sua base de revendedores.

“Todo esse trabalho está por trás da expectativa de uma Páscoa maior e melhor para 2024. Planejamos sair de 17 milhões de ovos vendidos no ano passado para pouco mais de 21 milhões agora”, pontua.

Roque enxerga um cenário muito complexo na bolsa do Cacau, mas entende que este cenário afeta de forma geral as empresas de chocolate. Por isso, eles trabalham com análises e ferramentas que tem como intuito de minimizar os impactos.

Ele lembra que o Cacau atingiu a sua máxima desde que começou a medição na bolsa de NY, onde havia o maior pico em 1977.

“Dessa forma, o cenário realmente pegou todo o mercado mais descoberto e, por isso, acreditamos que o mercado terá impacto e que, neste momento, as empresas mais eficientes e inovadoras como nós podemos ficar à frente e minimizar estes impactos. Ou seja, estamos buscando alternativas em eficiência, equipamentos e produtividade que nos ajudem a não repassar tal aumento em sua totalidade, mantendo a qualidade e apresentação dos produtos reconhecidas pelo consumidor”, finaliza.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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