Primeiro foguete comercial lançado pelo Brasil explode no céu; ações de empresa sul-coreana despencam
Depois de uma longa sequência de adiamentos e mudanças no cronograma, o primeiro foguete comercial lançado pelo Brasil finalmente decolou na noite de ontem — mas o voo durou pouco. Pouco após deixar a plataforma, o Hanbit-Nano foi envolto por uma bola de fogo, explodiu ainda no ar e caiu em seguida. O episódio teve reflexo imediato no mercado: as ações da Innospace, fabricante sul-coreana do veículo, entraram em forte queda.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), após a saída da base de lançamento, “o veículo iniciou sua trajetória conforme o previsto. No entanto, houve uma anomalia no veículo que o fez colidir com o solo”, conforme trecho da nota oficial divulgada após o acidente.
O voo não era tripulado e durou pouco mais de um minuto. A transmissão foi interrompida logo após a explosão.
Ainda de acordo com a FAB, equipes da Aeronáutica e do Corpo de Bombeiros do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) foram enviadas ao local para análise dos destroços e da área de impacto. A força aérea informou que todas as ações previstas — incluindo segurança, rastreamento e coleta de dados — foram executadas conforme o planejamento, dentro dos parâmetros internacionais do setor espacial.
A missão integrava a Operação Spaceward, desenvolvida pela FAB em parceria com a Innospace. O lançamento era considerado um marco para o CLA, no Maranhão, e mobilizou cerca de 400 profissionais, entre militares e civis brasileiros, além de técnicos sul-coreanos.
Nesta terça-feira, as ações da empresa responsável pelo lançamento fecharam em queda de 28,60% na bolsa da Coreia do Sul.

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Uma sequência de adiamentos
O lançamento do Hanbit-Nano passou por sucessivas reprogramações. A data original estava marcada para 21 de novembro, mas foi adiada na véspera para ajustes adicionais no veículo e uma avaliação mais detalhada do desempenho esperado em voo.
A nova tentativa ocorreu em 17 de dezembro, quando outro problema interrompeu a operação. Durante a inspeção final, os técnicos identificaram uma anomalia no dispositivo de resfriamento do sistema de fornecimento de oxidante do primeiro estágio, o que levou ao cancelamento da decolagem.
Após a substituição dos componentes afetados, o lançamento foi remarcado para sexta-feira (19). Os contratempos, porém, continuaram. O horário inicial, às 15h34, foi adiado para 17h devido ao tempo nublado em Alcântara. Mais tarde, uma nova mudança empurrou a tentativa para 21h, após a identificação de um problema no fornecimento de energia elétrica em solo no local de lançamento.
Mesmo assim, a contagem regressiva não avançou, e a missão acabou sendo adiada novamente, desta vez para segunda-feira (22).
Por fim, o lançamento ocorreu às 22h13.
O foguete brasileiro
O Hanbit-Nano LiMER era um foguete de dois estágios, projetado para o lançamento de nanossatélites em órbitas baixas.
Apesar do porte compacto, o veículo representava uma das áreas de crescimento mais acelerado do setor espacial: lançadores menores, de menor custo e voltados ao mercado de satélites de baixa massa.
A bordo, o foguete transportava cinco satélites e três experimentos tecnológicos, desenvolvidos por instituições e empresas do Brasil e da Índia.
Entre eles estava o Jussara-K, um nanossatélite desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em parceria com startups e instituições locais. O equipamento carrega sensores para monitoramento ambiental em áreas remotas e seria responsável por comunicações com estações terrestres distribuídas na região de Alcântara.
