Prio (PRIO3) opera na contramão do petróleo e dispara até 9%; o que impulsiona as ações?

As ações da Prio (PRIO3) lideraram os ganhos do Ibovespa (IBOV) nesta sexta-feira (2), mesmo com a liquidez reduzida do mercado pós-feriado e desempenho negativo do petróleo. Os papéis da petroleira também figuraram como os mais negociados da B3 com cerca de 1,1 milhão de negócios.
PRIO3 encerrou a sessão com alta de 8,07%, a R$ 35,43. Na máxima do dia, o avanço foi de 9,11% (R$ 36,78). Acompanhe o Tempo Real.
Os investidores reagem positivamente à compra total da participação da Equinor pela Prio nos campos de Peregrino e Pitangola.
A junior oil comprou a participação total da Equinor — equivalente a 60% da participação nos campos, tornando-se a única operadora. A Prio já tinha 40% de participação.
A aquisição será realizada em duas etapas: US$ 2,23 bilhões por 40% de participação, mais US$ 166 milhões em earn-outs, condicionados à conclusão da aquisição dos 20% restantes; os 20% restantes por US$ 951 milhões.
O acordo é retroativo a janeiro de 2024 e, por isso, a Prio também pagará cerca de US$ 150 milhões em juros, elevando o valor total da transação para US$ 3,5 bilhões.
A Prio espera concluir a aquisição até o início de 2026. A operação ainda está sujeita à aprovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
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O que dizem os analistas?
A operação não surpreende os investidores, na avaliação do BTG Pactual. Para os analistas do banco, o mercado pode até questionar a avaliação e o timing da operação, em meio à atual volatilidade geopolítica. No entanto, a operação é estratégica.
“Vemos o negócio como um passo estratégico, que permite à Prio continuar expandindo por meio de ganhos de eficiência em ativos maduros, sem comprometer sua capacidade de geração de fluxo de caixa — potencialmente acelerando sua transformação em uma forte pagadora de dividendos em até 18 meses”, escreveram os analistas Luiz Carvalho, Pedro Soares, Henrique Pérez e Bruno Henriques, em relatório.
Eles ainda consideram que o valor da operação pode parecer elevado, mas não é.
Segundo os analistas, o preço de US$ 3,5 bilhões implicaria uma avaliação de 100% do campo de Peregrino em US$ 5,8 bilhões — ou 22% acima do valor pago na aquisição da participação da Sinochem, em setembro passado, à primeira vista.
“No entanto, acreditamos que essa comparação é enganosa”, afirmaram. “Ajustando pelo desempenho financeiro do ativo desde janeiro de 2024, estimamos que o desembolso efetivo de caixa da Prio será mais próximo de US$ 2,5 bilhões”.
Já o Citi afirma que a operação foi “surpreendente” e, na mesma linha do BTG, “estrategicamente positiva”.
“Acreditávamos que a Prio só teria condições de concluir essa aquisição em 2026, após o início das operações do FPSO Bacalhau. A antecipação nos pegou de surpresa”, disse o analista Gabriel Barra, em relatório.
O Bank of America (BofA) considera a aquisição total do campo de Peregrino como positiva. “A Prio tem um histórico muito forte de criação de valor por meio de fusões e aquisições e não acreditamos que desta vez seja diferente”, avaliaram os analistas Caio Ribeiro, Leonardo Marcondes e Nicolas Barros.
Nas contas do Goldman Sachs, o prêmio de controle implícito para o ativo é de US$ 500 milhões, relacionado à Prio se tornar operadora da Peregrino, “o que justifica uma gama mais ampla de sinergias”.
O banco também estima que a transação tem o potencial de adicionar cerca de 60 mil barris de petróleo à produção atual da Prio, de cerca de 105 mil barris de petróleo.
“Acreditamos que uma parte relevante da potencial criação de valor da transação dependeria da extração de sinergias, que buscaremos entender melhor durante a teleconferência de resultados da empresa na próxima semana”, escreveram os analistas Bruno Amorim, Guilherme Costa e Guilherme Bosso em relatório.
É hora de comprar PRIO3?
O BofA, Bradesco BBI, BTG Pactual e Citi reiteraram a recomendação de compra para PRIO3, enquanto o Goldman Sachs manteve a classificação neutra para os papéis.
“É importante que as petrolíferas encontrem maneiras de gerar valor para os acionistas que sejam independentes do preço do petróleo, e fusões e aquisições são uma delas”, afirmaram os analistas Vicente Falanga e Ricardo França, da Ágora e Bradesco BBI.
Confira a recomendação e preço-alvo das ações que o Money Times teve acesso:
Banco/Corretora | Recomendação | Preço-alvo |
Bank of America | Compra | R$ 65 |
Bradesco BBI/Ágora | Compra | — |
BTG Pactual | Compra | R$ 68 |
Citi | Compra | R$ 60 |
Goldman Sachs | Neutro | R$ 44 |
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