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PRIO3, RRRP3, RECV3: Tese das petroleiras júniores foi por água abaixo?

30 mar 2023, 19:23 - atualizado em 30 mar 2023, 19:23
Petróleo
Petróleo perde força entre os investidores, que começaram a ajustar as perspectivas positivas de longo prazo (Imagem: REUTERS/Regis Duvignau)

Os últimos acontecimentos no Brasil e no mundo estremeceram as commodities. Nem mesmo o setor de óleo e gás, que seguia firme com os preços de petróleo ainda em patamares elevados, escapou da onda de aversão instalada nos mercados após o colapso das instituições financeiras norte-americanas SVB Financial Group e Signature Bank e a crise do banco suíço Credit Suisse.

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A deterioração do cenário macroeconômico e novos temores de recessão global tiraram o interesse do mercado nas empresas de commodities. A conclusão é da XP Investimentos, que conversou com investidores brasileiros para entender o posicionamento atual deles.

Segundo a XP, o posicionamento em empresas expostas a commodities ficou menos óbvio do que antes.

“Os investidores não se sentiram muito entusiasmados em comprar commodities até que houvesse mais visibilidade para ver se o SVB/Credit Suisse era um caso pontual ou o começo de algo maior”, destaca a corretora, em relatório publicado no domingo (26).

“Por outro lado, o cenário macro e político interno brasileiro se deteriorou ainda mais, e os produtores de commodities e sua exposição às receitas atreladas ao dólar fornecem um hedge (proteção) importante”, completa.

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Correção do petróleo

Os preços do petróleo sofreram correção nas últimas semanas. No atual patamar dos US$ 70-80/barril, a commodity perde força entre os investidores, que começaram a ajustar as perspectivas positivas de longo prazo.

De acordo com a XP, eles estão mais propensos a acreditar em preços mais elevados a partir da segunda metade de 2023.

Outro ponto que vem pesando sobre as ações de petroleiras brasileiras é o anúncio recente de imposto de exportação de petróleo cru no Brasil, que pode ser acrescido de mais tributações caso os preços do petróleo subam.

A tributação da exportação de petróleo pelos próximos quatro meses atingiu principalmente as petroleiras júniores brasileiras. A PRIO (PRIO3) foi, inclusive, um dos papéis mais prejudicados nos pregões seguintes à notícia, visto que é a empresa mais impactada pela tributação por ter a grande maioria de sua produção exportada.

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As ações da 3R Petroleum (RRRP3) e da PetroReconcavo (RECV3) também mostraram forte queda recente, mas mais pelo risco de a Petrobras (PETR4) frear o andamento do processo de desinvestimento de alguns ativos, como os polos Potiguar e Bahia Terra.

Todos os fatores mencionados acima fizeram com que os investidores reduzissem significativamente exposição aos nomes júniores, destaca a XP. As três ações – PRIO3, RRRP3 e RECV3 – passaram a acumular queda em 2023.

Seria este o momento de largar a tese das petroleiras?

Avaliando os riscos

A PRIO, “a última de pé”, é a petroleira júnior favorita entre os investidores (Imagem: Divulgação/PRIO)

No caso da 3R Petroleum, o mercado pesa as chances de conclusão da aquisição do Polo Potiguar. O cenário-base para diversas instituições considera que a companhia concluirá a transação com a Petrobras, principalmente depois que a estatal ratificou a continuidade do processo de transição do polo.

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O BTG Pactual avalia que manter Potiguar no portfólio da Petrobras não ajuda o governo a atingir seus objetivos de incentivar mais investimentos no país e ter maior influência no preço dos combustíveis.

Porém, mesmo no pior caso (fracasso da aquisição), a 3R Petroleum parece atrativa.

“Não há quase nenhum downside (potencial de queda) para a ação a partir daqui, e acreditamos que a realização de qualquer catalisador positivo pode ser um grande gerador de valor para a ação”, afirma o BTG, em relatório deste mês.

Para a XP, com ou sem Potiguar, é consenso que a ação deve permanecer bem volátil até que haja uma visão final sobre o acordo.

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Em relação à PetroReconcavo, o problema maior está no capex (investimentos) do último relatório de reservas.

“Notamos que os investidores que viam a verticalização da empresa como forma de se beneficiar da a inflação de custos questionou seus benefícios reais”, pontua a XP.

Enquanto isso, a aquisição do Polo Bahia Terra parece improvável de acontecer a essa altura do campeonato. Isso não é necessariamente ruim, na avaliação de alguns analistas. O Bank of America (BofA), por exemplo, comenta que, com a possibilidade maior de uma venda fracassada, aumentam as chances de a PetroReconcavo pagar dividendos atrativos ainda em 2023 ou fazer um programa de recompra de ações.

Vale lembrar que a PetroReconcavo levantou R$ 1 bilhão em uma oferta de ações realizada em junho do ano passado com o objetivo de comprar 60% do Bahia Terra.

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Por fim, a PRIO, “a última de pé”, é a petroleira júnior favorita entre os investidores, diz a XP. Rentabilidade, liquidez e geração de caixa foram pontos levantados na conversa.

“Os investidores também veem riscos de aumento do capex quando o novo relatório de certificação for divulgado, embora com menos intensidade do que em RECV e com maior potencial de compensação decorrente de mais volumes 2P de Frade e, provavelmente, de Albacora Leste“, completa a corretora.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.