Produção industrial e vendas no varejo da China enfraquecem em novembro; vendas de carros despecam
O crescimento da produção industrial e das vendas no varejo da China desacelerou ainda mais em novembro, pressionado pela fraca demanda doméstica e aumentando a pressão sobre os formuladores de políticas para agir e reequilibrar a economia de US$ 19 trilhões, à medida que parceiros comerciais questionam seu enorme superávit.
A produção industrial avançou 4,8% na comparação anual, mostraram dados do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) divulgados na segunda-feira (15), desacelerando em relação ao crescimento de 4,9% em outubro. O resultado ficou abaixo da alta de 5,0% prevista em uma pesquisa da Reuters.
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As vendas no varejo, um indicador de consumo, cresceram 1,3%, após avançarem 2,9% em outubro, ficando aquém das previsões de ganho de 2,8%.
Os sinais de fragilidade da demanda do consumidor vêm se acumulando. As vendas anuais de automóveis despencaram 8,5% em novembro, a maior queda em 10 meses, reduzindo as esperanças de uma recuperação no fim do ano em um setor que normalmente registra vendas fortes nos dois últimos meses do ano.
Até mesmo o festival de compras do Dia dos Solteiros, que neste ano foi estendido para cinco semanas pelas principais plataformas de comércio eletrônico para impulsionar as vendas, não conseguiu empolgar os consumidores.
O investimento em ativos fixos encolheu 1,3% entre janeiro e novembro em comparação com o mesmo período do ano passado, após uma queda de 1,7% entre janeiro e outubro. Economistas esperavam uma retração de 2,3%.
Assessores do governo e analistas dizem que a China deve manter no próximo ano sua meta anual de crescimento em torno de 5%, enquanto busca iniciar um novo plano quinquenal em bases sólidas.
Isso, porém, pode se mostrar desafiador, já que tanto o Banco Mundial quanto o Fundo Monetário Internacional apresentam perspectivas mais conservadoras para a trajetória de crescimento da China.
Parte da preocupação decorre da prolongada crise imobiliária do país, que tem comprimido a riqueza das famílias e reduzido o apetite dos consumidores para gastar.
Uma solução, no entanto, ainda parece distante. Os preços dos imóveis na China devem continuar caindo até 2026 antes de se estabilizarem em 2027, mostrou uma pesquisa da Reuters.
Em uma reunião econômica-chave realizada na semana passada, que delineou a agenda de políticas para o próximo ano, os líderes chineses prometeram manter uma política fiscal “proativa” para estimular o consumo e o investimento, ao mesmo tempo em que reconheceram uma contradição “proeminente” entre forte oferta doméstica e demanda fraca.
Ainda assim, o foco duplo em consumo e investimento reforça as preocupações de que Pequim ainda não esteja pronta para abandonar um modelo econômico impulsionado pela produção em favor de outro mais apoiado nos gastos das famílias.
As principais autoridades seguem confiantes em atingir a meta de crescimento deste ano, sustentadas por exportações resilientes que desafiaram as expectativas apesar das tarifas mais altas dos EUA.
Essa força, contudo, enfrenta um teste mais duro à frente, à medida que o superávit comercial trilionário da China alimenta tensões com a Europa e outros parceiros comerciais.
O presidente francês Emmanuel Macron ameaçou Pequim com tarifas durante sua visita à China e pediu que o país corrija desequilíbrios comerciais globais “insustentáveis”.
O México aprovou na semana passada aumentos tarifários de até 50% para o próximo ano sobre importações da China e de vários outros países asiáticos, com o objetivo de fortalecer a indústria local.
“O desenvolvimento econômico da China ainda enfrenta numerosos desafios antigos e emergentes”, afirmou o comunicado oficial da Conferência Central de Trabalho Econômico.
“Devemos fortalecer as capacidades internas para lidar com os desafios externos”.