Produtores de cana do Brasil são pressionados por baixos preços, diz Orplana
Os produtores de cana-de-açúcar da região centro-sul do Brasil estão se sentindo pressionados em meio aos baixos preços do açúcar e não querem aumentar o tamanho de suas plantações, podendo considerar a redução da área plantada com a cultura, disse José Nogueira, presidente-executivo da associação de produtores de cana Orplana, na sexta-feira (14).
Os futuros do açúcar bruto atingiram uma mínima de cinco anos de 14,04 centavos de dólar por libra-peso na semana passada. Na sexta-feira, os preços recuaram e fecharam em 14,96 centavos de dólar por libra-peso, mas permaneceram baixos em relação aos últimos anos.
“A safra 2026/27 está sendo projetada como uma safra terrível em termos de preços”, disse Nogueira, acrescentando que os retornos desanimadores iminentes afetariam os investimentos dos produtores em seus canaviais e potencialmente afetariam a produção na safra 2027/28.
O presidente-executivo da Orplana falou à Reuters enquanto realizava visitas de campo para conversar com dezenas de produtores próximos ao município de Assis e áreas vizinhas no Estado de São Paulo.
“Os produtores não querem plantar mais áreas de cana-de-açúcar”, disse Nogueira, acrescentando que alguns fazendeiros estavam deixando de lado a renovação e os investimentos em canaviais, ou pensando em reduzir o tamanho de suas plantações de cana.
Há três anos, alguns produtores de grãos começaram a plantar cana devido aos altos preços atraentes e faria sentido para alguns desses agricultores pensar em mudar de cultura, disse ele, embora acrescentando que os preços da soja na região também não estão atraentes.
Na sexta-feira, o grupo industrial UNICA informou que o “mix” de açúcar — a porcentagem de cana-de-açúcar direcionada para a produção de adoçante — nas regiões centro-sul recuou para 46%, ante 55% em agosto.
No entanto, o aumento do etanol de milho no Brasil significa que a utilização de mais cana-de-açúcar para a produção de combustível não é mais um apoio sólido para os produtores, disse Nogueira.
Os preços do etanol não subiram “como esperado, principalmente por causa do efeito do etanol de milho e do volume de etanol de milho que temos visto”, disse Nogueira.