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Produtores de soja em Mato Grosso sofrem com falta de chuvas e altas temperaturas; quebra no estado pode superar 30%

14 dez 2023, 16:12 - atualizado em 14 dez 2023, 16:12
soja mato grosso
Segundo produtor de soja, regiões como Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e São José do Rio Claro estão totalmente comprometidas (Foto: Clovis Antônio Cenedese)

O Mato Grosso, principal estado produtor de soja do Brasil, convive com um cenário adverso pelo tempo seco em razão da falta de chuvas e altas temperaturas causadas pelo El Niño.

Clovis Antônio Cenedese, produtor rural em Mato Grosso no município de Nova Ubiratã, há cerca de 100 quilômetros de Sorriso, conta com uma propriedade de 2620 hectares.

O produtor, que iniciou o plantio da oleaginosa no fim de setembro e começo de outubro, sofreu com uma estiagem de 12 dias após o início do cultivo, que comprometeu os primeiros grãos plantados.

“Tivemos que realizar o replantio em diversas áreas e depois, no dia 18 de outubro, tivemos chuvas generalizadas, que ajudaram a terminarmos o plantio, mas após disso, uma nova estiagem. Ou seja, tivemos apenas chuvas pontuais e a situação ficou crítica”, conta.

Segundo Cenedese, essas áreas onde foi feito o replantio em meados de outubro sofreram com seca de novo e alguns produtores realizaram o plantio pela terceira vez.

No entanto, que não ficou bom, com muitos agricultores optando por não plantar de novo por conta do clima instável. “Com isso, são áreas que terão produção mínima ou nenhuma produção”, completa.

Risco de quebra para a soja

Segundo Canedese, quase não choveu durante o mês de novembro, com apenas acumulados pontuais.

“Novembro é um período crucial em função do desenvolvimento vegetativo da soja, com o enchimento de grãos, sendo que nós já vimos a produtividade sendo comprometida. Dezembro é o período mais crítico, já que todas lavouras estão em enchimento de grãos e não chove no estado. Muitas lavouras já foram perdidas e outras que vão colher entre 20% – 30% do esperado. Nas minhas estimativas, vamos ver uma quebra entre 15% e 18% na minha região se voltar a chover, e se não chover, esse número pode ser ainda maior”, comenta.

Além disso, o produtor comenta que outras regiões como Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, São José do Rio Claro e Campo Novo dos Parecis estão totalmente comprometidas. “Eu diria que já temos 15% de quebra em todo estado”, diz.

Quando as chuvas devem voltar em Mato Grosso?

De acordo com Luiza Cardoso, porta-voz na Climatempo, a onda de calor no Centro do Brasil deve se manter até o dia 20 de dezembro.

“Muitas lavouras vão enfrentar essa nova fase de floração sob uma nova onda de calor, com muitas regiões realizando o replantio. Essa onda de calor deve reduzir ainda mais o potencial produtivo da soja, e os produtores precisam ficar mais atentos, já que os acumulados mais expressivos no Centro-Oeste devem retornar apenas em 17 e 18 de dezembro”, analisa.

Assim, segundo Cardoso, o clima seco também não deve favorecer aos produtores que optaram pelo cultivo do algodão no lugar da soja.

“Na próxima semana, podemos esperar uma chuva mais expressivas, com mais de 100 milímetros em áreas do Matobipa e Centro-Oeste”, finaliza.

A Safras & Mercado estima uma safra 23/24 para soja em 39,201 milhões de toneladas, contra 45,622 milhões do ciclo anterior.

Na avaliação de Anderson Pesco, consultor agropecuário no estado, a quebra no estado pode superar 30%.

Por fim, a safra do Brasil está estimada em 158 milhões de toneladas pela Safras.

 

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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