Política

Protestos no Afeganistão se espalham e chegam a Cabul; Taliban pede unidade nacional

19 ago 2021, 18:52 - atualizado em 19 ago 2021, 18:52
Afeganistão
Em alguns protestos em outros lugares, a imprensa reportou que as pessoas estavam retirando e rasgando as bandeiras brancas do Taliban (Imagem: REUTERS/Stringer)

O Taliban convocou os imãs do Afeganistão a pedirem união quando fizerem as primeiras orações de sexta-feira depois que o grupo islâmico tomou o controle do país, em meio ao avanço de protestos contra a tomada de poder para mais cidades, inclusive a capital Cabul.

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Várias pessoas foram mortas quando militantes do Taliban dispararam contra uma multidão na cidade de Asadabad, no leste do país, afirmou uma testemunha.

No dia em que o Afeganistão celebra sua independência do controle britânico em 1919, um vídeo nas redes sociais mostrou uma multidão de homens e mulheres em Cabul balançando bandeiras nacionais pretas, vermelhas e verdes. “Nossa bandeira, nossa identidade”, gritavam os manifestantes.

Em alguns protestos em outros lugares, a imprensa reportou que as pessoas estavam retirando e rasgando as bandeiras brancas do Taliban.

Um porta-voz do Taliban não estava disponível de imediato para comentar.

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O grupo conquistou o Afeganistão em velocidade relâmpago, enquanto as tropas estrangeiras retiravam, surpreendendo até seus próprios líderes e deixando vácuos de poder em muitas localidades.

O Taliban pediu união antes das preces de sexta-feira, e pediu que todos os imãs convençam as pessoas a não deixarem o país.

Desde a tomada de Cabul no domingo, o Taliban tenta apresentar uma face mais moderada, dizendo que quer paz, que não irá se vingar de inimigos antigos e que irá respeitar os direitos das mulheres dentro dos limites da lei islâmica.

No período em que governou o país, entre 1996 e 2001, o grupo restringiu severamente os direitos das mulheres, promoveu execuções públicas e explodiu estátuas budistas antigas.

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O primeiro vice-presidente Amrullah Saleh, que está tentando congregar a oposição ao Taliban, expressou apoio aos protestos.

“Saúdem aqueles que carregam a bandeira nacional e assim defendem a dignidade de nossa nação”, disse ele no Twitter.

Na terça-feira, Saleh disse que está no Afeganistão e que é o “presidente interino legítimo”, já que o presidente Ashraf Ghani fugiu quando o Taliban tomou Cabul no domingo.

A repressão aos protestos criará novas dúvidas sobre as garantias do Taliban de que o grupo mudou desde que governou o país pela primeira vez, quando reprimia severamente as mulheres, realizava execuções públicas e explodiu estátuas budistas antigas.

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Algumas manifestações foram pequenas, mas, combinadas com os tumultos de milhares de pessoas tentando deixar o país, elas ressaltam os desafios que o Taliban irá enfrentar para governar o Afeganistão.

Em Asadabad, capital da província de Kunar, várias pessoas foram mortas durante uma manifestação, mas não ficou claro se as baixas resultaram de disparos ou da debandada causada pelos tiros, disse a testemunha Mohammed Salim.

“Centenas de pessoas saíram às ruas”, contou Salim. “De início fiquei assustado e não queria ir, mas quando vi que um dos meus vizinhos participava, tirei a bandeira que tenho em casa.”

“Várias pessoas foram mortas e feridas na dispersão e pelos disparos do Taliban.

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Manifestantes também foram às ruas de Jalalabad, cidade do leste afegão e um distrito da província de Paktia.

Na quarta-feira, combatentes do Taliban atiraram em manifestantes que acenavam com uma bandeira em Jalalabad e mataram três, relataram testemunhas e a mídia.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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