Coluna do Fernando Luiz

Quais ações comprar para se aposentar?

24 jul 2023, 15:05 - atualizado em 24 jul 2023, 15:05
“Em geral, as melhores pagadoras de dividendos são empresas maduras, com posições consolidadas em seus respectivos mercados de atuação”, explica o colunista (Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Quando falamos em investimentos de longo prazo, logo pensamos em ações. Este, sem sombra de dúvidas é um caminho que deve estar no radar de todos que pensam no longo prazo, principalmente quando se trata de dividendos.

Mas, ao mesmo tempo, nunca é demais alertar para a importância da diversificação e, neste sentido, é importante sempre deixar uma parte considerável do patrimônio no baixo risco, o que envolve evitar investimentos em crédito privado.

Portanto, uma carteira com o objetivo de renda passiva deve estar alocada de forma a ter uma parcela praticamente livre de risco e uma parte em renda variável que busque empresas sólidas e que rendam bons dividendos.

Neste sentido, é bom observar que manter uma carteira de ações não deve ser encarado como um investimento totalmente passivo. Pelo contrário, é preciso estar atento aos fundamentos das empresas escolhidas. Vale a máxima que rentabilidade passada não é garantia de futuro.

Assim, o investidor precisa ser ativo tanto na escolha dos papéis, desde o preço de aquisição no momento da compra, a até a manutenção ou não de tais ativos na carteira. Fundamentos mudam e, com eles também mudam as cotações em bolsa.

E, mesmo que o objetivo seja de longo prazo, o preço importa sim. Se você não tem tempo, nem conhecimento para fazer a escolha dos papéis, o recomendado é entregar tal função na mão de gestores profissionais que também contarão com a escala para reinvestir os proventos e a prover a diversificação necessária.

Fundos de dividendos buscam não só ter um portfólio menos arriscado de empresas, com menos volatilidade que o Ibovespa e mais retorno no tempo, mas também ser um mecanismo robusto de crescimento e uma ótima forma de se construir um patrimônio para aposentadoria e previdência.

É um produto que reduz o risco agregado de outros produtos de renda variável. O recebimento periódico de proventos diminui a dependência das oscilações de preço e humores do mercado para rentabilização do capital, além de possibilitar a construção de fluxos de renda passiva – seja para reinvestimento, seja para custear outros objetivos financeiros.

Ao alocarem em fundos assim, os investidores ficam expostos à rentabilidade da bolsa de valores sem assumirem riscos relacionados às empresas em crescimento (growth), que dependem de fluxo de capitais, ou descontadas (value), cuja incerteza quanto ao futuro dos negócios leva vários a abandoná-las antes de sua maturação, por medo ou, simplesmente, por falta de conhecimento dos negócios.

Em geral, as melhores pagadoras de dividendos são empresas maduras, com posições consolidadas em seus respectivos mercados de atuação, capacidade de geração de resultados estruturalmente superiores à sua necessidade de reinvestimento e posição financeira saudável. Desta forma, costumam apresentar menores riscos do que a média do mercado.

Outro ponto importante na composição de uma carteira de longo prazo com vistas em formar renda passiva é manter uma parte dos investimentos em ativos líquidos, que ofereçam rentabilidade alinhada ao CDI, mas com baixo risco. Neste sentido, a recomendação é evitar ativos que exponham o seu patrimônio ao crédito privado.

Pelo regulamento, os fundos DI e gestores têm autorização para alocar até 10% dos recursos em crédito privado corporativo e o risco é apresentado como “estatístico”, mas acabam apresentando uma assimetria na relação risco e retorno, o que leva os cotistas a perdas.

Para exemplificar, dados de mercado dão conta que 26 fundos de crédito com cerca de 3 milhões de cotistas tiveram perdas somente com a desvalorização dos títulos da Light. E esta é uma surpresa que nenhum investidor deseja ter, ainda mais quem está poupando para viver tranquilamente sua aposentadoria.

Para construir patrimônio de longo prazo, é preciso ter todo o cuidado. Seja na renda variável ou não. Ninguém deseja ver o recurso poupado derreter e, por isso, a necessidade de todo o cuidado no gerenciamento dos recursos.

Neste sentido, a recomendação é gastar tempo e buscar conhecimento, caso não consiga, busque profissionais de sua confiança.

Sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos
Com experiência de mais de 20 anos no mercado financeiro, Fernando Camargo Luiz é sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos. É engenheiro formado pelo Mackenzie, com especialização em Value Investing pela Columbia Business School e gestão pela Harvard Business School.
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Com experiência de mais de 20 anos no mercado financeiro, Fernando Camargo Luiz é sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos. É engenheiro formado pelo Mackenzie, com especialização em Value Investing pela Columbia Business School e gestão pela Harvard Business School.
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