Economia

Quais serão os próximos passos do Copom? Veja a opinião de 7 economistas

17 jun 2020, 22:39 - atualizado em 17 jun 2020, 22:39
BCB Banco Central
“O mais provável é que a gente veja revisão nas expectativas para a Selic de 2021”, disse o Citi (Imagem: Flickr/Banco Central)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu nesta quarta-feira a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para nova mínima recorde de 2,25% ao ano, em linha com consenso de mercado, deixando porta aberta para nova redução “residual”.

Veja comentários de analistas de mercado:

Luis Bento, analista da Rio Bravo

“Já esperávamos que o Copom deixasse a porta aberta para mais corte. Não faz sentido, em termos da condução da política monetária, se comprometer com o fim do ciclo dada a incerteza do cenário atual. Temos visto decréscimo nas expectativas de inflação para 2021, o que apareceu nos modelos do BC, então acreditamos que o mais provável é que a gente veja revisão nas expectativas para a Selic de 2021, com o mercado migrando para cenários de um aumento só ou mesmo de manutenção do juro no ano que vem.

Estamos com maiores dificuldades para conter o vírus e isso, junto com o menor gasto fiscal em proporção do PIB para combater a pandemia, pode gerar alguma frustração sobre a velocidade da recuperação econômica e levar o BC a utilizar esse espaço para ajuste adicional na Selic. Projetamos juro de 2% até o fim de 2021. Para o dólar, vejo efeito líquido que corrobore a taxa de câmbio permanecer em todo de onde está.”

Goldman Sachs GS
” Copom agora passará para o modo de monitoramento e dependente de dados”, avalia o Goldman Sachs (Imagem: Reuters/David Gray)

Alberto Ramos, diretor de pesquisas econômicas para a América Latina do Goldman Sachs

No geral, a sinalização deixa a porta aberta para um potencial (dependente de dados) corte adicional, e menor, na próxima reunião (de 25 pontos-base ou mesmo de 50 pontos-base). O Copom considera que, com o corte para 2,25%, o estímulo monetário ‘parece compatível com os impactos econômicos da pandemia da Covid-19’.

Mas o Copom está longe de ter certeza de que é esse o caso, e o restante das orientações parece ter mudado a linha de base da agulha da política monetária para flexibilização adicional. O Copom agora passará para o modo de monitoramento e dependente de dados. […] Isso é consistente com a observação de que ‘o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e deve ser pequeno’.”

Citi
“Seguimos vendidos no DI janeiro 2023, pois esperamos que o prêmio continue sendo retirado”, disse o Citi (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Citigroup

“As taxas (de juros) de curto prazo não devem se mexer muito na esteira da decisão, embora a tendência permaneça de queda para os rendimentos. Seguimos vendidos no DI janeiro 2023, pois esperamos que o prêmio continue sendo retirado. O real ainda corre risco de ter desempenho mais fraco, embora o corte esteja como um todo nos preços.

O câmbio é prejudicado por seu papel como moeda de financiamento e hedge durante períodos de força do dólar, bem como pelo agravamento da situação de pandemia no país. Os riscos para esse trade são incerteza e tensões políticas elevadas, fraqueza significativa no dólar e nas commodities, um BC hawkish e aversão global a risco.

Renan Silva, economista-chefe da Bluemetrix Ativos

“Particularmente, acreditava em corte de 0,5 ponto percentual, não pelo desaquecimento da economia –que é muito notório e que poderia justificar Selic de 1,5%, até 1%, até dezembro–, mas porque, na minha visão, as reduções teriam de ser um pouco mais gradualistas.

Vejo que talvez a dose tenha sido um pouco intensa demais neste momento, até porque você pode ter algum ponto de inflexão com relação ao controle do surto ou até mesmo o surgimento de alguma solução efetiva, como um medicamento, anúncio de vacina, e ele (Copom) não colocaria todas as cartas na mesa.

Por outro lado, pesam a atividade econômica e os números de desemprego. Acho que isso contribuiu para que os integrantes do Copom optassem por uma correção mais intensa. Acho que o caminho em direção a uma taxa Selic de 1,5% (ao fim do ano) é perfeitamente factível, mas mudou na medida em que agora vou apostar em cortes mais residuais.”

Carlos Pedroso, economista sênior do MUFG Brasil

“Eu diria que a porta está entreaberta para mais redução do juro. O BC colocou o fiscal como parte central da decisão futura de política monetária. Com isso, minha avaliação é que ele não vai cortar. Os dados da pandemia continuam a piorar, com certeza as medidas emergenciais serão estendidas. O impacto fiscal dessas ações vai se ampliar. Não haverá melhora na preocupação do mercado sobre isso. Vemos Selic estável em 2,25% até o fim do ano. O impacto da sinalização do BC sobre o câmbio acredito que será neutro.”

Berno Bonani, sócio e analista VGR Asset

“A gente também estava contando que podia haver alguma surpresa, mas até então estávamos precificando que seria um corte de 0,75 p.p. e o Banco Central viria com um tom mais ‘dovish’, o que parece que ocorreu mesmo (pelo comunicado), ainda que tenha sinalizado que (o próximo corte) fica mais incerto e deve ser pequeno –se houver.

Um dos problemas é que o Brasil ainda está na primeira onda (de casos do coronavírus), e a gente já começou uma discussão sobre uma segunda onda em outros países.” O Banco Central vai continuar preocupado em relação aos dados da atividade econômica, além dos desafios que o impacto do câmbio está trazendo para a economia.”

Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos

“Pelas condições de hoje, pode ser que haja, sim, novo corte da Selic (em 5 de agosto), de 0,25 ponto percentual. Mas há muitas incertezas: embora os dados da economia estejam vindo ruins, o mercado tem olhado bastante para a questão fiscal. Nos ativos financeiros, acredito que o impacto de corte adicional da Selic já aconteceu, e a alta do Ibovespa e do dólar hoje em parte mostram isso.”

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