Coluna do Anderson Gurgel

Qual a moeda que mais se valoriza no momento? Spoiler: não é o dólar

03 maio 2023, 15:59 - atualizado em 03 maio 2023, 15:59
moeda criatividade
A moeda mais valorizada deste século é a criatividade, sendo essa a solução para um mundo melhor (Imagem: Pixabay/ StockSnap)

Ao fazer uma pequena reflexão sobre o acelerado mês de abril que se encerrou, podemos perceber a centralidade dos negócios criativos na agenda pública contemporânea.

Antes de falar do Festival Mundial da Criatividade 2023 (FMC) que vejo como um símbolo de novos tempos para a discussão dos negócios criativos, acho legal pontuar que os efeitos desse novo momento estão por todos os lados e acho perigoso nomear alguns, pelo risco de esquecer outros.

Mesmo assim, acho importante, para ficar no contexto nacional, destacar que abril foi marcado por significativos eventos políticos, econômicos e culturais. A entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque, um dos maiores nomes da cultura nacional, é um belo exemplo.

Muitos outros fatos aconteceram, inclusive, fruto das viagens do Presidente Lula à China e aos Países Ibéricos, como acordos para vários setores das artes, principalmente na área de audiovisual. Resgato tudo isso sem ignorar as várias iniciativas privadas que agitaram o período, com musicais de sucesso, shows e exposições.

Festival Mundial da Criatividade 2023

No meio deste mês tão agitado, destacamos em dezenas de cidades e até em algumas de outros países como Canadá e Portugal, o Festival Mundial da Criatividade 2023 (FMC). O evento posicionou-se entre 20 e 22 de abril, tendo no meio o feriado de 21 de abril.

É claro que um feriado é sempre um atrativo para engajar pessoas a participar das ações programadas, mas a escolha tem mais a ver com o fato de que esse dia, em nível internacional, foi o escolhido pela Organização das Nações Unidades (ONU) como a data para celebrar a importância da criatividade humana e sua centralidade na solução dos grandes problemas globais contemporâneos.

O FMC 2023 foi organizado pela World Creativity Organization (WCO) e, como tudo o que envolve criatividade, tem pessoas no centro dos processos. Destacamos a liderança Lucas Foster, um importante nome do movimento que entende a economia criativa como agente central na busca de soluções para a agenda de crises planetária atual.

Foster é o idealizador do Dia Mundial da Criatividade e diretor-executivo da WCO. Além do FMC, a entidade é responsável pelo Prêmio Brasil Criativo, que teve a sua edição mais recente entregue em janeiro deste ano e que premiou importantes empreendedores brasileiros que fazem a diferença nas suas regiões e inspiram novas pessoas a buscar soluções para os problemas brasileiros a partir da inovação conectada à economia criativa.

Aproveitamos o fim do FMC para conversar com Foster e fazer um balanço desse evento. Mais que isso, o nosso objetivo é, com esse depoimento, tentar entender a importância de trabalhos com o da WCO e tantos outros agentes na batalha pela mudança da opinião pública e da agenda política entorno do que deve ser central para se buscar soluções: inovação e criatividade.

Esta coluna e maior parte das pessoas que são procuradas e/ou citadas aqui acreditam que cidades mais criativas, relações humanas e de trabalho mais éticas e, não menos importante, a busca um desenvolvimento mais sustentável para o nosso planeta à beira do caos ambiental devem ser o mote central de qualquer ação política e/ou econômica e é onde está o maior valor a ser almejado por toda a humanidade atualmente.

A moeda mais valorizada do século

Muito já foi dito, mas vamos redundar: a moeda mais valorizada deste século é a criatividade. Ela é a solução para um mundo melhor.

O movimento pela colocação da criatividade no centro dos debates e estratégias de negócios vem ganhando muitos adeptos, inclusive entre empresas e entidades.

Para dar um exemplo, o FMC deste ano contou com apoio e conexões de agentes como Ministério da Cultura, Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e Prefeitura de São Paulo, mas também com agentes privados como Mercado Livre, Rede Globo, Co.liga, Fundação Roberto Marinho, Preta Hub e Razões para Acreditar, além de inúmeros voluntários nos dois dias de evento.

Para Foster, o desafio que está posto é fazer do Brasil um protagonista nos debates sobre criatividade que acontecem no mundo todo. Na breve entrevista abaixo, ele faz um balando do FMC 2023, destaca alguns aspectos importantes do evento e do movimento. E, ao final, nos deixa uma provocação: “Qual é o lugar da criatividade brasileira neste novo mundo que surgiu após a pandemia?”

Convido todos à leitura das respostas dele e a contribuir com a batalha para colocar nosso país como protagonista na vanguarda por um mundo mais criativo que, a meu ver, será fundamental numa sociedade de Inteligência Artificial cada mais incorporada às práticas cotidianas.

(Imagem: Divulgação)

Money Times (MT) – Como você entende a percepção da opinião pública sobre o valor criativo para os negócios e para a economia?

Lucas Foster (LF) – A última década foi decisiva para uma mudança positiva na percepção da opinião pública sobre o valor da criatividade para os negócios e para a economia.

O volume de investimentos em inovação na última década e a velocidade com que novas empresas dominaram setores, até então, inexistentes, fizeram até o empresário mais conservador mudar a forma de enxergar a importância da criatividade para os seus negócios.

Quanto mais sofisticada for se tornando a economia digital, quanto mais longeva for se tornando a população e quanto mais quente forem se tornando os oceanos, mais necessária a criatividade se tornará.

MT – Quais foram os destaques em termos de tendências e temas da edição deste ano?

LF – O tema desta edição foi “A Era dos Criadores de Impacto”. Esse foi o primeiro ano desde 2020 em que a pandemia não impactou em nenhum momento de preparação da curadoria.

Sendo assim, pudemos olhar o que de fato mudou após a pandemia. Ela transformou o comportamento da sociedade, principalmente no consumo de mídia, varejo online e interatividade com a tecnologia.

A consciência sobre diversidade e inclusão estão muito mais presentes nesta edição. A pluralidade de comportamentos e formas de ser e existir foram os grandes destaques deste ano.

MT – Pensando nos próximos anos, quais são os desafios para o futuro do FMC e da própria discussão sobre a economia criativa no Brasil?

LF – A discussão sobre a economia criativa só vai crescer nos próximos quatro anos no Brasil. Somos cada vez mais urbanos, digitais e orientados para uma economia de serviços. A fragmentação da audiência também multiplicou as oportunidades de novos projetos, negócios e empreendedores.

O principal desafio do FMC nos próximos anos é se consolidar entre os grandes festivas globais de inovação e posicionar uma iniciativa criada no Brasil entre os grandes movimentos globais de discussão e debate sobre a vanguarda da criatividade.

Cannes criou o seu há 70 anos, Austin o seu há 35 anos. Por que o Brasil não pode se posicionar no mapa global dos grandes festivais de inovação com algo original? Será que continuaremos somente expectadores ou franqueados de algo criado sem conhecer nossas raízes e diferenças? Qual é o lugar da criatividade brasileira neste novo mundo que surgiu após a pandemia? Criador ou consumidor?

Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Jornalista de economia, negócios e marketing, Anderson Gurgel também é professor universitário da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Centro Universitário belas Artes, além de pesquisador, consultor e produtor de conteúdo. Conectando todas essas várias frentes de ação estão os negócios criativos, do entretenimento e do esporte, segmentos que o profissional vem se dedicando ao longo dos quase 25 anos de vida profissional. É autor de livros, produtor de eventos e já ganhou alguns prêmios, sendo um destaque a Menção Honrosa em 2019 pela Universidade Presbiteriana Mackenzie pela atuação na área de inovação na educação.

Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Jornalista de economia, negócios e marketing, Anderson Gurgel também é professor universitário da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Centro Universitário belas Artes, além de pesquisador, consultor e produtor de conteúdo. Conectando todas essas várias frentes de ação estão os negócios criativos, do entretenimento e do esporte, segmentos que o profissional vem se dedicando ao longo dos quase 25 anos de vida profissional. É autor de livros, produtor de eventos e já ganhou alguns prêmios, sendo um destaque a Menção Honrosa em 2019 pela Universidade Presbiteriana Mackenzie pela atuação na área de inovação na educação.
Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Jornalista de economia, negócios e marketing, Anderson Gurgel também é professor universitário da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Centro Universitário belas Artes, além de pesquisador, consultor e produtor de conteúdo. Conectando todas essas várias frentes de ação estão os negócios criativos, do entretenimento e do esporte, segmentos que o profissional vem se dedicando ao longo dos quase 25 anos de vida profissional. É autor de livros, produtor de eventos e já ganhou alguns prêmios, sendo um destaque a Menção Honrosa em 2019 pela Universidade Presbiteriana Mackenzie pela atuação na área de inovação na educação.
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