Comprar ou vender?

Qual ação da carteira de Lemann merece uma segunda chance?

22 mar 2023, 16:55 - atualizado em 23 mar 2023, 2:05
Jorge Paulo Lemann
Ambev, construída pelo bilionário Lemann, sofreu com o caso Americanas, mas Safra enxerga potencial no papel (Imagem: David Paul Morris/Bloomberg)

O nome de Jorge Paulo Lemann perdeu o brilho e o status de intocável. O maior bilionário brasileiro, que fez negócios com investidores do porte de Warren Buffett, agora enfrenta uma turbulência após o rombo bilionário da Americanas (AMER3), no qual era um dos principais sócios desde a década de 80.

O fato, considerado um dos maiores escândalos corporativos do Brasil, respingou, inclusive nos papéis da Ambev (ABEV3).

As ações chegaram a tocar em R$ 12,86 em janeiro, menor valor desde a pandemia da Covid-19. O mercado especulava se o problema com o risco sacado, que originou o rombo da varejista, poderia ser praticado também pela cervejeira.

Para o Safra, no entanto, a Ambev é uma oportunidade com potencial de retorno de 28%. O banco elevou o preço-alvo de R$ 16 para R$ 18.

Segundo os analistas, com o preço da ação 6% abaixo desde o início da cobertura do Safra em dezembro de 2022 (vs. -4% para o Ibovespa) e uma perspectiva melhor para 2023, o banco vê agora uma assimetria mais favorável na tese de investimento da empresa.

“Menores pressões de custo aliadas a uma demanda sólida, boa execução e tendência contínua de premiumização devem permitir alguma expansão de margem, o que não se vê desde 2018”, colocam.

Além disso, dizem, o processo de desalavancagem parece estar entrando em sua fase final, o que pode eventualmente abrir espaço para maior flexibilidade para Ambev devolver caixa aos acionistas de forma mais agressiva.

Menos pressão de custos para Ambev

O Safra diz que a empresa parece ter muito menos ventos contrários relacionados a preços de commodities e taxas de câmbio em 2023.

O banco também lembra que na teleconferência do quarto trimestre de 2022, o hedge cambial está travado em uma taxa de 5,10 BRL/USD para o ano.

“Esta é uma melhoria importante após quatro anos como uma fonte significativa de pressão. Além disso, o alumínio se tornou um vento favorável em 2023 como resultado dos hedges de commodities da empresa. Isso levou a empresa a prever um aumento anual de 6,0% a 9,9% no CPV por hectolitro para a divisão Cerveja Brasil em 2023 (excl. operações de marketplace)”, argumenta.

Ademais, esta seria a primeira vez desde 2018 que este indicador cresceria a uma taxa de um dígito, sendo o aumento médio no período 2019-2022 de 20%, colocam.

“Já esperávamos uma desaceleração do CPV por hectolitro para 2023, mas ver o guidance da empresa aumenta nossa confiança de que o vento contrário dos custos deve diminuir”, finaliza.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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