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Qual o futuro do mercado de tokens não fungíveis (NFTs)?

24 maio 2022, 17:11 - atualizado em 24 maio 2022, 17:11
NFT futuro quedas
Apesar de quedas, especialista diz estar confiante com amadurecimento do mercado. (Imagem: Freepik/starline)

Assim como o mercado de criptoativos, e o tradicional, o mercado de tokens não fungíveis (NFTs) vem apresentando quedas em volume negociado e valor de mercado.

Segundo dados do site NFTGo, o número de usuários no lucro com esse mercado ainda ultrapassa o de usuários no prejuízo, sendo respectivamente 417.231 contra 355.176.

Todavia, a capitalização de mercado recuou 25% em trinta dias, estando agora a US$ 27,04 bilhões. Neste mesmo período, o volume de vendas também observou uma queda de 30% a US$ 4,77 bilhões.

Dados da capitalização de mercado de NFTs (Imagem: NFTGo)

A plataforma OpenSea ainda representa uma grande parte das negociações deste mercado. Seguido de X2Y2 e LooksRare.

O índice NFT-500 mostra que a variação no mercado de NFTs desde o começo de 2022, em dólares, é negativa em 45%.

O NFT-500 é um dos índices de mercado, criado pela Nansen, que acompanha a atividade de mercado das NFTs emitidas na blockchain Ethereum.

O índice de referência é composto por 500 NFTs, ponderadas pela capitalização de mercado e representa uma média de 85,14% do volume diário de mercado desde 1º de janeiro de 2022.

Segundo o site da Nansen, o índice de referência é calculado diariamente e rebalanciado a cada 30 dias, onde os constituintes do índice são reavaliados e rebalanceados de acordo.

Índice NFT-500 desde o começo de 2022. (Imagem: Nansen)

Bruno Milanello, executivo de novos negócios do Mercado Bitcoin, diz que muito embora os preços das NFT não sejam atrelados aos preços dos demais criptoativos, uma queda generalizada em investimentos alternativos e de maior risco como as criptomoedas, também trazem um reflexo nas demais classes.

No entanto, para ele, coleções renomadas ou, utilizando-se um termo das finanças tradicionais, blue chips e de maior exposição acabam sofrendo menos.

“A mudança virá com a melhora do sentimento econômico de forma geral. Não somente do universo cripto, mas uma clareza vinda dos juros, da inflação, de guerra, de pandemia, de eleições e afins. Os criptoativos não estão mais isolados do mundo”, explica.

NFTs: o fim de um “hype” ou amadurecimento de uma tecnologia?

O executivo comenta que os NFTs se conectam com as pessoas por um lado muito mais subjetivo do que o financeiro.

“Somente por essa razão já poderíamos imaginar que as NFTs “conversam” muito mais com o investidor do que outro tipo de criptoativo. Sim, NFT também é um criptoativo.” 

Para ele, muito embora NFT possa ser muito mais do que só arte, tudo isso foi facilitado pela explosão da arte digital tokenizada.

Por esse motivo, o especialista diz que esse mercado veio para ficar:

“Os usos são diversos. Com a migração ou pelo menos parte das nossas vidas no ambiente digital, os mesmos problemas do mundo real estarão no mundo virtual, como a posse. Para esses casos, os NFTs são perfeitos, pois são um registro único de algo, imutável, dentro de um livro razão digital distribuído, o blockchain”, explica.

No mundo real, Milanello explica que, também existem diversas situações em que os NFTs “são perfeitos”: ingressos, registro médicos, clubes de assinaturas, registro de imóveis, entre outros.

“É uma falácia achar que todo NFT custa o mesmo preço de um Bored Ape. Há NFTs por menos de um dólar.”

Ele ainda ressalta que muitos casos de uso são ainda teóricos. Em sua opinião, será possível observar muitos avanços nesse segmento e os NFTs farão parte do cotidiano das pessoas.

“Nem todo NFT precisa ter preço ou ter variação de preço. Eles podem ser somente um ativo de utilidade”, comenta.

Os NFTs são um tipo de produto bastante flexível e podem servir para diversos casos e diversas causas, conforme o executivo.

“Os NFTs de Impacto que temos dentro do MB são um exemplo disso: até 96% do dinheiro arrecadado das obras únicas e exclusivas foram destinados a um projeto social.”

Segundo Milanello, isso mostra que os NFTs podem também servir para o desenvolvimento econômico e social de uma região ou até mesmo um país.

“Acredito que em breve esse tipo de uso das NFTs (para causas sociais ou financiamentos públicos e privados) possam ser a próxima grande onda, juntamente com os colecionáveis esportivos.”

Nem todo macaco precisa de seu galho…ou sua jpeg

O executivo de novos negócios do Mercado Bitcoin, comenta que é importante ressaltar que “nem todo remédio serve para a mesma doença”.

“O que se vê muito por aí são projetos que não precisam de NFT e só mencionam e fazem por se tratar de algo que está na moda. O que acho que falta é informação e conhecimento do produto. É preciso entender para falar sim ou não.”

Milanello continua explicando que mesmo  bastante simples do ponto de vista tecnológico “mintar” (do verbo em inglês to mint, que em português significa cunhar, criar), ter um projeto em NFT que seja consistente e que traga relevância ao negócio não é uma tarefa elementar, muito menos simples.

Ele diz acreditar que é preciso ainda evoluir demais na questão de experiência do usuário. Os conceitos e as etapas ainda são muito complexas para o uso cotidiano.

“É preciso resolver ainda a questão da interoperabilidade das blockchains e da possibilidade de se transacionar com qualquer ativo que você tenha em sua posse”, diz.

“Gosto de comparar os NFTs com os cartões de crédito em termos de evolução. Os cartões revolucionaram a indústria de consumo, mas não de um dia para a noite e sim com o tempo e com a praticidade que isso trouxe aos usuários”, finaliza.

Para ele, os NFTs devem passar pelo mesmo processo, mas de uma forma bastante acelerada.

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O Money Times publica matérias de cunho jornalístico, que visam a democratização da informação. Nossas publicações devem ser compreendidas como boletins anunciadores e divulgadores, e não como uma recomendação de investimento.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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