Quanto custa se hospedar no hotel de luxo que virou cenário do “roubo do século”
Brasília está acostumada a conviver com poder, política e sigilo. Mas o que aconteceu no fim de junho transformou um dos endereços mais luxuosos da capital em cenário de uma história que parece saída do cinema. A Operação Magna Fraus, da Polícia Federal, revelou que o ataque hacker que desviou R$ 813 milhões de bancos e fintechs partiu de um hotel de luxo no Distrito Federal.
Segundo as investigações, os criminosos usaram como base uma suíte do Royal Tulip Brasília Alvorada, hotel conhecido por abrigar presidentes, delegações internacionais, artistas e monarcas em visita ao país.
Vizinho do poder
Localizado às margens do Lago Paranoá e a menos de 1 quilômetro do Palácio da Alvorada, o Royal Tulip é praticamente uma extensão do poder. Da varanda, é possível ver o reflexo da residência oficial do presidente da República — uma vista exclusiva que justifica diárias de alto valor.
A localização é estratégica: o hotel fica perto do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e da Esplanada dos Ministérios, mas suficientemente afastado para oferecer o isolamento e a privacidade que tanto atraem autoridades.
O endereço já recebeu líderes mundiais, como Charles III (Reino Unido), Angela Merkel (Alemanha) e Barack Obama (EUA) — além de celebridades como Paul McCartney, que se hospedou no local durante passagem pelo Brasil. Na época, a diária da suíte presidencial chegava a R$ 25 mil.
- LEIA TAMBÉM: Tenha acesso às recomendações mais valorizadas do mercado sem pagar nada; veja como receber os relatórios semanais do BTG Pactual com o Money Times
O cenário do crime
Com 395 quartos e projeto arquitetônico assinado por Ruy Ohtake, o Royal Tulip oferece uma estrutura comparável à dos melhores resorts urbanos do país. São duas piscinas para adultos e uma infantil, spa completo com tratamentos estéticos e terapêuticos, academia equipada, quadras de tênis, kids club, bares e três restaurantes, incluindo um de gastronomia internacional com vista para o pôr do sol no Paranoá.
Os quartos dispõem de varanda privativa, banheira, minibar, ar-condicionado e Wi-Fi de alta velocidade. O hotel também conta com salas de reunião, auditórios e espaços para eventos que comportam até 1 500 pessoas.
As diárias da categoria Standard, a mais básica, variam entre R$ 700 e R$ 800. Os quartos Luxo, com vista para o lago, custam cerca de R$ 1 000 por noite. Já as suítes executivas, equipadas com áreas de estar e banheira de imersão, ultrapassam R$ 2 500.

No topo estão as duas suítes presidenciais, de 420 m² cada, reservadas apenas mediante contato direto com a administração.
Esses espaços incluem hall de entrada, sala de estar, escritório, dois closets, banheiro em mármore com jacuzzi e deck panorâmico, além de mobiliário assinado, como as poltronas Barcelona de Mies van der Rohe.
A Polícia Federal não detalhou qual suíte foi utilizada pelos criminosos. Mas, diante de um golpe de centenas de milhões de reais, qualquer diária ali pareceria troco.