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Quebra de expectativa? Petrobras (PETR4) tomba 3% com Prates; veja o que preocupa mercado

26 jan 2023, 15:59 - atualizado em 26 jan 2023, 15:59
Petrobras
Ações da Petrobras recuam após a aprovação de Jean Paul Prates na presidência da estatal (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

As ações da Petrobras sentiram o baque da eleição de Jean Paul Prates como presidente da estatal nesta quinta-feira (26). Por volta das 14h30, os papéis ordinários da companhia, PETR3, recuavam 4,44%, cotados a R$ 29,07, enquanto os preferenciais, PETR4, caíam 3,75%, a R$ 25,93.

Segundo o analista da Benndorf, Júlio Borba, a aprovação por unanimidade representa a quebra da expectativa restante do mercado em relação à possibilidade de a Petrobras manter sua estratégia de negócios e não alterar na política de precificação dos combustíveis.

“Diversas casas de análise estão divulgando suas perspectivas negativas para a companhia com Prates no comando, o que contribui para as vendas dos papéis”, diz.

Prates foi nomeado ao cargo no final de dezembro do ano passado e eleito por unanimidade na manhã de hoje, segundo a Reuters. A oficialização deve acontecer daqui a 45/60 dias, na próxima assembleia geral extraordinária da Petrobras. 

Horas antes da reunião do colegiado, o executivo renunciou ao posto de senador pelo Rio Grande do Norte, pelo Partido dos Trabalhistas (PT), para que pudesse ser eleito sem impedimentos.

Ainda hoje, o novo CEO da Petrobras tem uma reunião marcada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às 16h, no Palácio do Planalto. Além disso, Prates deve indicar na sexta-feira (27) os novos nomes à diretoria da petroleira.

A Ativa Investimentos afirma que o mercado deve acompanhar os primeiros passos da conduta de Prates e, fundamentalmente, a decisão da estatal quanto à distribuição de proventos no quarto trimestre de 2022 (4T22)

O que esperar do comando de Prates?

De acordo com Borba, da Benndorf, com Jean Prates no comando da Petrobras, a companhia terá uma mudança de direcionamento estratégico, “muito diferente da ocorrida no governo anterior”.

O analista espera um aumento do Capex, resultado do investimento em geração de energia limpa — provavelmente eólica — e nas atividades de refino, com a compra e construção de novas refinarias.

A petroleira também deve fazer revisar sua política de preços, com espaço para redução do preço dos combustíveis e, consequentemente, de receitas.

Além disso, em relação ao plano de desinvestimentos da empresa, Borba espera que seja interrompido. “A grande maioria dos ativos à venda serão suspensos, com isso, esperamos uma redução drástica da geração de caixa e também dos dividendos”, diz.

Sobre os dividendos, também é provável que a Petrobras passe a distribuir o dividendo mínimo, de 25% do lucro líquido, diferente da política anterior que permitia distribuição em percentual “muito maior” e em relação ao fluxo de caixa livre.

Pressão por mudanças

Jean Prates assume o comando da Petrobras já sob pressão da União, acionista controladora, por uma mudança nos rumos da política de preços de combustíveis, mas uma alteração significativa no curto prazo não é esperada por especialistas do mercado.

Além de limitações previstas em estatuto para que a estatal contribua com políticas públicas, uma ruptura brusca na trajetória de preços de diesel e gasolina atualmente poderia desequilibrar o mercado e causar riscos de desabastecimento, uma vez que o país é muito dependente das importações desses produtos.

Prates defende o fim da aplicação da paridade de importação para a formação dos preços da Petrobras, mas diz que a companhia ainda assim seguirá indicadores internacionais.

Na véspera, a petroleira elevou o valor da gasolina nas refinarias em 7,5%, mas analistas ainda veem espaço para novos reajustes.

Os preços do diesel da estatal, considerando média nos principais polos de venda às distribuidoras no fechamento de quarta-feira, estão 2% abaixo da paridade de importação, enquanto a gasolina está 4% abaixo, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

Nova diretoria da Petrobras

Jean Prates planeja apresentar ao governo federal sua lista de indicados para as diretorias da Petrobras já na sexta-feira, segundo a Reuters.

Prates tem feito reuniões com diferentes alas de seu partido para fechar sua lista de indicados para a diretoria da estatal. Ele tem falado também com integrantes do mercado, acadêmicos e da Petrobras, em busca de indicações para compor a alta cúpula da empresa.

Os nomes têm sido discutidos por Prates com seu partido individualmente, com mais de uma opção por diretoria. Prates quer montar a diretoria ainda na primeira metade de fevereiro, afirmaram fontes da Reuters.

Todos os nomes indicados precisarão ser respaldados politicamente, num primeiro momento, e pelo Conselho de Administração, num segundo, após passarem pela aprovação da governança interna da empresa.

Na análise da Ativa, os investidores irão se atentar se os indicados ao Conselho pelo Governo Federal terão perfil político ou técnico.

*Com Reuters

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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