Política

Queiroga chama para si responsabilidade por não nomear secretária de combate à Covid

08 jun 2021, 12:03 - atualizado em 08 jun 2021, 12:03

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta terça-feira que partiu dele a decisão de não nomear a infectologista Luana Araújo para a Secretaria Especial de Combate à Covid-19 que criou ao assumir a pasta.

A declaração, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, contraria informação dada pela médica.

Convidada por Queiroga para o cargo, no qual chegou a trabalhar, mesmo sem a nomeação, por dez dias, Luana Araújo relatou à CPI ter sido informada pelo próprio ministro que seu nome não teria sido aprovado pelo Palácio do Planalto.

Nesta terça, Queiroga disse à CPI que não houve “óbice formal” ao nome da médica por parte da Casa Civil ou da Secretaria de Governo, órgãos que rotineiramente analisam indicações no Executivo federal.

A desistência da nomeação de Luana Araújo deveu-se, segundo o ministro, ao entendimento dele de que o perfil da infectologista não iria contribuir para “harmonizar” as discussões na classe médica.

Nesta terça, Queiroga disse à CPI que não houve “óbice formal” ao nome da médica por parte da Casa Civil ou da Secretaria de Governo, órgãos que rotineiramente analisam indicações no Executivo federal (Imagem: TV Senado)

A afirmação provocou estranhamento por parte de alguns integrantes da CPI. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), questionou o fato de o ministro ter convidado a infectologista e de tê-la mantido já executando funções na pasta mesmo considerando que seu perfil não traria a desejada harmonização relatada nesta terça em seu depoimento à CPI.

Em depoimento à CPI, Luana Araújo relatou ter sido informada que, apesar do convite de Queiroga, não poderia ser nomeada porque seu nome não passaria pela Casa Civil.

Em seguida, corrigiu, afirmando não ter certeza se a instância correta era mesmo essa, mas confirmando que havia sido vetada. A médica tem posição declarada e publicada em redes sociais contrária ao chamado “tratamento precoce”, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro com medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19.

Luana Araújo
Em depoimento à CPI, Luana Araújo relatou ter sido informada que, apesar do convite de Queiroga, não poderia ser nomeada porque seu nome não passaria pela Casa Civil (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Questionado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), e já demonstrando algum grau de irritação, Queiroga afirmou que a decisão da não nomeação é “ato discricionário” do ministro e ocorreu a partir do que identificou como uma “questão política da classe médica”.

Queiroga admitiu ainda dificuldades em encontrar um nome para a secretaria que seria assumida por Araújo, mas prometeu uma definição até a sexta-feira.

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