RAIZ4, SMTO3 e JALL3: Doce ou amargo? O que esperar do balanço das usinas no 2T26
Na próxima semana, São Martinho (SMTO3), Jalles (JALL3) e Raízen (RAIZ4) divulgam seus resultados referentes ao segundo trimestre da safra 2025/2026. No ano, as ações recuam mais de 40%.
Para a XP Investimentos, o momento atual é desafiador para o setor, com o desequilíbrio entre oferta e demanda mantendo os preços do açúcar e do etanol sob pressão.
A São Martinho divulga seus resultados na próxima segunda-feira (10), após o fechamento do mercado, enquanto Jalles e Raízen divulgam seus balanços nos dias 11 e 14 de novembro, respectivamente.
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São Martinho
A São Martinho, que abre a temporada de resultados entre as usinas, pode recuar ainda mais — apesar da queda de 42% em 2025 e de já negociar no menor nível em cinco anos. Ela pode ser pressionada principalmente por possíveis revisões negativas nos lucros futuros e por um valuation considerado exigente.
“Vemos o papel sendo negociado a quase 18x EV/EBIT, contra nossa estimativa ajustada de um múltiplo histórico próximo de 13x”, veem Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak.
Para a safra 26/27, a projeção é de melhora nos indicadores de produtividade. O próximo ciclo já passou por um inverno melhor do que o atual e, agora, aguarda boas condições climáticas, segundo os analistas.
“Infelizmente, para os otimistas do açúcar, há margem para que os preços ignorem pequenos problemas climáticos. Do lado do etanol, os preços fora da safra devem melhorar, apesar das pressões negativas vindas da gasolina. No entanto, com a recuperação da cana e o aumento da oferta proveniente das usinas de etanol de milho, os preços do etanol voltarão a ser pressionados em 26/27. Um rali de preços no horizonte é improvável”.
A XP conta com uma recomendação neutra para ação (preço-alvo de R$ 13,90) e projeta um lucro líquido de R$ 89 milhões no 2T26, queda de 52% na comparação com o 2T25.
Jalles
Para a Jalles, a XP espera um trimestre difícil, embora com alguns pontos positivos. A ação negocia nas mínimas históricas e já caiu 68,37% no ano.
No lado da produção, os analistas projetam uma recuperação na moagem após um 1T26 desafiador para a indústria, enquanto também esperam que o mix da companhia se mova mais para o etanol, principalmente devido à melhor rentabilidade nas usinas localizadas em Goiás e à estratégia de hedge financeiro.
Do ponto de vista financeiro, a expectativa é de crescimento de 18% na receita e 25% no Ebitda ajustado no comparativo anual, com um avanço das vendas de etanol. Os preços do etanol cresceram ano a ano e o açúcar deve permanecer estável devido à estratégia assertiva de hedge da Jalles.
“Prevemos resultados fracos abaixo do Ebitda, com o Ebit provavelmente caindo 37% contra o 2T25 e prejuízo líquido devido aos maiores custos unitários de caixa, seguindo uma diluição de custos limitada. Em resumo, não esperamos que o trimestre seja um catalisador para a ação”.
Os analistas esperam um prejuízo de R$ 5 milhões e uma receita líquida de R$ 640 milhões, em linha com consenso do mercado, de R$ 696 milhões. A XP tem recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 9,50.
Raízen
A Raízen deve apresentar um resultado decente do ponto de vista operacional, na visão dos analistas. Eles reforçam que o foco para a companhia permanece na estrutura de capital.
A expectativa é de uma robusta margem de Ebitda ajustado, de R$ 167,1/m³ no segmento de Mobilidade Brasil, enquanto os resultados de açúcar, etanol e energia devem cair no comparativo anual em termos de volume, mesmo com uma expansão de margem contra o ano anterior.
O segmento de Mobilidade Argentina deve apresentar uma recuperação significativa nas margens, normalizando após os ventos contrários transitórios observados no 1T26.
Para a Raízen, a XP espera um prejuízo de R$ 427 milhões e uma receita líquida de R$ 59 bilhões, contra R$ 63 bilhões do consenso do mercado. Os analistas recomendam compra e preço-alvo de R$ 2,40 para a ação.