Raízen (RAIZ4) cai 4% após resultados, com reestruturação no radar

As ações da Raízen (RAIZ4) respondem negativamente aos resultados do quarto semestre da Safra 24/25 (4T25) e encerraram o pregão desta quarta-feira (14) com queda de 4,47%, a R$ 1,71.
Para a XP Investimentos, os resultados abaixo do esperado refletem os desafios do processo de turnaround da companhia, que mira a reciclagem de portfólio, renovação da liderança e reestruturação das operações comerciais, vista como positiva pelos analistas.
A receita líquida reportada pela empresa ficou em linha com as projeções da casa, com alta de 7,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, a R$ 57,7 bilhões.
No entanto, o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 1,7 bilhão, uma queda de 53,3% na comparação anual. O número também ficou 38% abaixo das expectativas da XP.
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No segmento de açúcar e renováveis, a corretora atribui o resultado à menor disponibilidade de produtos, que pesou mais do que os preços ligeiramente mais altos de açúcar e etanol, embora trading ainda tenha sido um fator de redução de margem no açúcar.
Em relação a mobilidade, o ambiente de oferta no Brasil e problemas com o biodiesel resultaram em margens inferiores ao esperado, enquanto a Argentina ajudou a compensar parcialmente o impacto negativo.
Os analistas afirmam que valorizam as projeções operacionais e de investimento de capital da Raízen, mas a perspectiva ainda permanece ofuscada pela complexidade de sua reestruturação.
A corretora pode revisar as estimativas, porém, no momento a recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 4,40.
A companhia de combustíveis e açúcar teve prejuízo no quarto trimestre fiscal de R$ 2,5 bilhões, um salto ante o desempenho negativo de R$ 879 milhões apurado no mesmo período do ano passado.
A empresa, que acompanha o ano safra e opera postos da rede Shell no Brasil, também divulgou na véspera projeções para 2025/26. A expectativa é de processamento de cana entre 72 e 75 milhões de toneladas (já desconsiderando parcela desinvestida), redução e otimização de estruturas com benefício de R$ 500 milhões no ano (nominal), e investimentos de R$ 9 bilhões a R$ 9,8 bilhões, após R$ 11,91 bilhões realizados na temporada anterior.
CEO da Raízen comentou reestruturação
Segundo Nelson Gomes, CEO da Raízen, a empresa “está de volta” aos negócios principais, como produção de açúcar, etanol, bioenergia e distribuição de combustíveis.
Em comentário após a divulgação dos números, o executivo destacou que a Raízen está redefinindo a área de trading, focando nas operações de melhor valor, com redução de posições em mercados de maior risco como açúcar branco.
A companhia inicia a moagem da safra 2025/26, que será afetada pelo clima seco no ano passado e pelas queimadas de 2024, com alguns canaviais não registrando recuperação após o impacto do fogo, segundo o diretor de Relações com Investidores, Phillipe Casale.
O CEO ainda ressaltou que a companhia segue com vendas de ativos que não são considerados importantes, visando maior eficiência e redução do endividamento. Na segunda-feira (12), a Raízen assinou a venda da usina de Leme por R$425 milhões.
*Com informações da Reuters
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