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Raizen (RAIZ4) e cia em queda: nova redução do ICMS vai “matar” ramo do etanol?

07 jun 2022, 18:36 - atualizado em 08 jun 2022, 7:05
Etanol
Raizen (RAIZ4), São Martinho (SMTO3), Jalles Machado (JALL3) e Brasil Agro (AGRO3) podem ser afetadas pela redução do ICMS (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Os agentes de mercado estão atentos à nova tentativa do governo em reduzir o preço dos combustíveis no Brasil. Na segunda-feira (6), o governo anunciou um acordo que pretende zerar o ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha, além de reduzir o ICMS e zerar impostos federais sobre a gasolina e o etanol — e em contrapartida, estados terão parte de sua arrecadação do ICMS perdida compensada pelos cofres da União.

Nesta terça-feira (7), em entrevista a agência de notícias Bloomberg, Adriano Pires, economista que chegou a ser indicado pelo Planalto para o cargo de CEO da Petrobras (PETR4), disse que o pacote anunciado pelo governo pode “matar o etanol” por acabar com a competitividade entre os combustíveis.

Segundo Pires, o pacote do governo, além de ser insuficiente para frear uma novo aperto nas bombas caso a preço internacional do petróleo suba, desregula o mercado dos combustíveis, por, na prática, ser um subsídio nos preços da gasolina e do diesel.

Um relatório do BTG Pactual divulgado também nesta terça aponta que empresas como a Raízen (RAIZ4), São Martinho (SMTO3), Jalles Machado (JALL3) e BrasilAgro (AGRO3) podem ter impacto negativo em seu desempenho graças a uma queda no preço dos combustíveis. E os papéis já sentem os temores — no dia de hoje, as empresas acumularam quedas de 5,20%, 5,15%,3,79% e 0,52%, respectivamente.

“Agora é tarde”

Para o economista e professor da USP Paulo Feldman, a proposta do governo realmente tem chances de impactar negativamente os produtores de etanol, e outras maneiras de frear o aumento dos preços deveriam ter sidos propostas anteriormente.

“Agora que a situação realmente ficou perigosa para eles, acordaram. O impacto poderá ser grave porque a regra que existe hoje no Brasil é: o álcool é 70% do preço da gasolina. Como a gasolina deverá cair bastante, o álcool vai ter que cair. E, justamente, o álcool caindo prejudicará os usineiros“, afirmou.

Feldman acredita que a queda das ações das empresas do setor é explicada, justamente, pelo receio de acionistas de que o os novos valores do álcool acabem representando prejuízo aos produtores.

“A bolsa funciona em função das expectativas futuras. O acionista está vendo que as pessoas não vão mais consumir o álcool porque esses incentivos feitos agora são direcionados à gasolina. Com a proporção de 70% do preço da gasolina e a queda no preço, o álcool dará prejuízo, como alegam os usineiros. Então os compradores de ações estão visualizando possíveis prejuízos futuros para eles”, explicou.

O professor acredita que os produtores deverão focar nas exportações para tentar driblar a queda nas receitas.

“Não vão mais querer colocar álcool no Brasil e o país ficará ainda mais dependente da gasolina. Essa proposta é desastrosa e eu espero que não seja aprovada no Senado“, diz.

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Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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