Reag joga para escanteio possíveis atrasos no cronograma da SAF do Juventus

Os receios de que as investigações envolvendo a Reag (REAG3) no âmbito da Operação Carbono Oculto possam atrapalhar o processo de transformação do Clube Atlético Juventus em sociedade anônima do futebol (SAF) estão, ao menos por enquanto, descartados. Essa informação foi confirmada pela própria empresa em nota enviada aos portais Money Times e Seu Dinheiro.
Mas qual é a relação entre a investigação policial que apura o envolvimento de uma das maiores gestoras da Faria Lima em um esquema bilionário de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) e um dos times mais tradicionais e queridos da capital paulista?
No fim de junho, os sócios do Juventus aprovaram a mudança para SAF. Essa decisão ocorreu após a apresentação de um plano de investimentos de R$ 500 milhões em dez anos, idealizado por um consórcio liderado pela Contea Capital.
A Reag Capital Holding, gigante da Faria Lima sob suspeita na Operação Carbono Oculto, é sócia da Contea no projeto. Ela nega as irregularidades investigadas na operação policial.
No momento em que a polícia deu publicidade às investigações contra a Reag, o processo de due diligence para a conversão do Juventus em SAF já estava em andamento. As investigações geraram dúvidas sobre o futuro do negócio, mas, segundo a nota da Reag — que administra mais de R$ 300 bilhões em ativos —, “o processo de due diligence segue dentro do cronograma previsto”.
Esse procedimento avalia juridicamente, contábil, financeira e em governança a operação a ser realizada, sendo rotina em transações desse tipo.
A due diligence do Juventus começou em julho, logo após a aprovação da SAF. A expectativa é que os investidores concluam a avaliação dos riscos até o fim de setembro.
O “segundo time” da cidade
O Juventus se destaca como uma espécie de segundo time para muitos paulistanos. Mesmo entre quem resiste a ter um outro time de coração, o “Moleque Travesso” é dificilmente alvo de antipatia.
Após anos longe dos holofotes, a transformação em SAF foi a solução aprovada pelos diretores e sócios com a promessa de novos investimentos e um futuro mais promissor.
João Carlos Mansur, até então presidente do conselho da Reag, afirmou na época da aprovação que é “uma honra” para a gestora fazer parte dessa nova fase do Juventus, clube importante para ele por sua ligação pessoal com a Mooca, o basquete e a família italiana.
No entanto, os recursos prometidos ainda não chegaram ao clube, e a investigação sobre a Reag causou grandes dúvidas quanto ao futuro do projeto.
Nesta semana, Mansur deixou o quadro societário da Reag em meio à repercussão da Operação Carbono Oculto, mas a empresa garante que o processo da SAF está seguindo conforme o planejado.
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O investimento da Contea e da Reag e as metas para o Juventus
Os planos da Contea e da Reag para o Juventus são ambiciosos: o investimento total previsto ultrapassa R$ 500 milhões até 2035. Deste valor, R$ 480 milhões seriam destinados ao futebol e R$ 60 milhões à infraestrutura.
No novo modelo, 90% da SAF pertencerá aos investidores, enquanto os associados conservarão 10%.
A primeira meta anunciada é o retorno do Juventus à Série A-1 do Campeonato Paulista até 2028 — um objetivo considerado até conservador, já que o clube atualmente está na Série A-2.
O presidente do clube, Dilson Tadeu dos Santos Deradeli, destacou que o segundo objetivo é ainda mais ambicioso: levar o Juventus à Série A do Campeonato Brasileiro dentro de dez anos.
O clube paulista está fora do futebol nacional desde 2001 e, em abril, já havia anunciado a desistência da Copa Paulista de 2025, competição que poderia abrir caminho para uma vaga na Copa do Brasil ou na Série D do Brasileirão em 2026.
Isso indica que uma eventual ascensão do Juventus no cenário nacional só vai começar efetivamente a partir de 2027, se ocorrer.