Polícia Federal

Receita Federal deflagra Operação Alquimia para rastrear origem do metanol em bebidas alcoólicas

16 out 2025, 13:28 - atualizado em 16 out 2025, 12:36
Desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, a nova ofensiva da Receita Federal mira a rota clandestina do metanol. Imagem: Divulgação Polícia Federal.
Desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, a nova ofensiva da Receita Federal mira a rota clandestina do metanol. Imagem: Divulgação Polícia Federal.

A Receita Federal deflagrou nesta quinta-feira (16) a Operação Alquimia, uma força-tarefa nacional criada para rastrear a origem do metanol encontrado em bebidas alcoólicas adulteradas.

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A iniciativa é conduzida em parceria com a Polícia Federal, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Ao todo, 48 auditores fiscais participam da ação, que envolve coleta de amostras em 24 empresas localizadas em cinco estados brasileiros — de São Paulo ao Mato Grosso do Sul.

Segundo a Receita, o objetivo é rastrear o percurso químico e comercial do metanol e identificar onde a substância, de uso industrial e combustível, pode ter sido desviada para a produção clandestina de bebidas alcoólicas.

Da gasolina ao copo

A Operação Alquimia é o terceiro capítulo de uma sequência que começou com as operações Boyle e Carbono Oculto. A primeira revelou uso irregular de metanol na gasolina; a segunda, um esquema de revenda do produto por empresas químicas regulares a empresas de fachada, que o direcionavam a postos de combustíveis.

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Desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, a nova ofensiva da Receita Federal mira a rota clandestina do metanol. Imagem: Divulgação Polícia Federal.
Desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, a nova ofensiva da Receita Federal mira a rota clandestina do metanol. Imagem: Divulgação Polícia Federal.

Agora, a nova etapa amplia o foco: busca seguir o rastro do metanol até destilarias e usinas possivelmente envolvidas na fabricação de bebidas adulteradas.

Caso a suspeita se confirme, as autoridades esperam desarticular uma cadeia de irregularidades que começa nos portos, passa pelos tanques das distribuidoras e termina nas prateleiras — uma combinação de evasão fiscal e risco à saúde pública.

O caminho do metanol

Os alvos da operação incluem importadores, terminais marítimos, empresas químicas, destilarias e usinas.

Essas empresas atuam em elos distintos da cadeia do metanol, um produto que deveria se restringir ao uso industrial, mas que, segundo os investigadores, encontrou mercado paralelo na clandestinidade.

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As apurações indicam que:

  • Importadores trazem o produto legalmente, mas parte dos lotes pode ser desviada;

  • Terminais marítimos armazenam grandes volumes antes da redistribuição a clientes — nem sempre legítimos;

  • Empresas químicas revendem o metanol a indústrias menores, incluindo “noteiras”, com caminhões e motoristas fantasmas nas notas fiscais;

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  • Destilarias e usinas completariam o ciclo, transformando o produto com origem “lavada” em bebida alcoólica.

Um veneno disfarçado de lucro

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), bebidas alcoólicas devem conter menos de 0,1% de metanol. Já 0,5% — proporção comum em combustíveis — é suficiente para causar cegueira ou até a morte.

O uso da substância em bebidas, portanto, equivale a converter combustível em veneno, alerta a Receita.

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Além do risco sanitário, o problema gera perdas bilionárias. Segundo o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), o setor de bebidas alcoólicas registra prejuízo anual de R$ 85,2 bilhões com adulteração, contrabando, falsificação e sonegação fiscal.

Onde a operação atua

As coletas e inspeções da Operação Alquimia estão sendo realizadas em 21 cidades de cinco estados:

Mato Grosso: Várzea Grande
Mato Grosso do Sul: Caarapó, Campo Grande e Dourados
Paraná: Araucária, Colombo e Paranaguá
Santa Catarina: Cocal do Sul
São Paulo: Araçariguama, Arujá, Avaré, Cerqueira César, Cotia, Guarulhos, Jandira, Laranjal Paulista, Limeira, Morro Agudo, Palmital, Sumaré e Suzano

A Receita Federal afirma que os resultados das análises químicas devem permitir identificar a origem do metanol usado nas bebidas adulteradas e mapear as empresas envolvidas na rota ilegal.

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A estimativa é de que o relatório preliminar seja concluído ainda neste trimestre.

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Jornalista com especialização em Gestão de Mídias Digitais. Atua como repórter nos portais de notícias Money Times e Seu Dinheiro.
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