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Recursos a juros controlados estão acabando. E vem mais alta da Selic para o produtor que vai a banco

19 jan 2022, 16:05 - atualizado em 19 jan 2022, 17:06
Agricultura
Financiamento à produção fora dos planos de governo tende a crescer por necessidade

Pelos números do crédito contratado a juros controlados disponibilizados para a agricultura, haverá uma grande quantidade de produtores que vão ter que recorrer aos juros de mercado. E vão ter que arcar com a referência da Selic acima de dois dígitos, se confirmada a expectativa de mais 1,5 ponto percentual no próximo encontro do Copom.

De 9,25% para 10,75% ao ano, na sequência contracionista para controle da inflação.

Descontando-se apenas o que já saiu do Plano Safra 21/22 – há ainda outras linhas para outros setores, como a do café -, a elevação da busca por recursos, que o Banco Central registrou até novembro, já demonstra que haverá esgotamento.

Os bancos serão mais demandados, como já o foram ao longo dos últimos três anos, para suprirem aqueles que ficaram e que ficarão de fora dos R$ 177,7 bilhões oferecidos pelo governo para custeio e comercialização e dos R$ 76 bilhões para investimentos.

Só para comercialização, até o penúltimo mês do ano passado já estavam comprometidos R$ 131,4 bilhões, aumento acima de 24% na procura.

E para investimento, batia na metade, em mais de 13%.

Mas, se considerando que há um hiato entre a contratação e o efetivo repasse, a situação pode estar mais grave. Gustavo Soares, supervisor de Agronegócio do banco cooperativo Sicoob cita um exemplo: “Para investimento, no âmbito controlado, está todo o recurso já bastante comprometido, e o que ainda não foi liberado está em fase de cartorial [contratado sob análise]”.

O Recurso Próprio Livre (RPL), a grana das instituições, captada no mercado a Certificado de Depósito Interbancário (CDI), vai ficar mais concorrida – ainda mais cara.

Situação que vai se somar aos cerca de 15% que, em média, os bancos estão cobrando de juros no crédito para o produtor. Essa média de valor é o que a franquia mineira de correspondente bancário, Sonhagro, especializada em repasse de crédito rural, está intermediando atualmente.

“Por volta de setembro, a média era de 7,5%”, diz o CEO e fundador da empresa, sediada em Divino (MG), Romário Alves. Era o meio do caminho das sete altas da taxa básica de juros de 2021.

Ou seja, já está em dois dígitos o custo do recurso privado.

Mix

O impacto também é sentido, segundo ele, com os tomadores que precisam fazer um mix de operações, entre as de juros subsidiados e de juros livres.

Nas 27 unidades franqueadas e nas três próprias, o agente financeiro notou uma certa desaceleração nos interesses dos produtores fora do financiamento oficial, especialmente entre os pequenos. E, inclusive, tolhendo um pouco a fatia de R$ 1,2 bilhão em crédito concedido via Sonhagro, que poderia ter crescido, embora a explosão de franqueados se deu em 2021.

As estratégias das instituições para capturar essa gente e não espantá-la pelo custo mais caro do dinheiro, vai definir, também, a curva de ganhos de cada uma.

O Sicoob, por exemplo, adota para o RPL o mesmo tipo de desenho que no repasse do Plano Safra e outras linhas. Custeio e investimento antecipado, “mas, infelizmente, acompanhando a curva do CDI”, explica o executivo Gustavo Soares.

Na Sonhagro, fica a expectativa de novos entrantes, com o crescimento agora em 13 estados, além de uma aposta na facilitação da análise do crédito, “oferecendo uma nova experiência ao produtor”, bem como uma promessa de diversificação do portfólio para outros serviços independentes, como consórcios.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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