Rede D’Or recua até 1% após a inclusão do Hospital Glória à rede Atlântica; como os analistas avaliam a operação?

As ações da Rede D’Or (RDOR3) operam em queda nesta terça-feira (2), em dia também negativo para o Ibovespa (IBOV). No entanto, para a companhia, analistas digerem o anúncio de que empresa irá incluir o Hospital Glória à rede Atlântica, sua joint venture com a Bradesco Saúde.
RDOR3 encerrou a sessão com baixa de 0,41%, a R$ 38,95. Na mínima intradia, as ações chegaram a cair 1,79% (R$ 38,41).
A Rede DOr anunciou ontem (1º) a integração do Hospital Glória DOr, localizado no Rio de Janeiro, ao Atlântica DOr A operação depende de aprovações regulatórias, entre elas o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Para o Bank of America (BofA), a adição do hospital à joint venture foi inesperada, à primeira vista. “Considerando este negócio isoladamente, parece negativo, visto que a Rede D’Or compartilhará a economia de um hospital maduro”, afirmaram os analistas Flavio Yoshida, Gustavo Tiseo e Mirela Oliveira.
Na avaliação do Itaú BBA, a em relação à transação, cujo valor não foi informado, em si, não há muito “a comemorar”.
Os analistas, porém, destacam duas questões da operação. A primeira, mais pessimista, enxerga que o hospital é um ativo maduro sendo incorporado à joint venture e “saindo parcialmente”, então, do balanço da D’Or.
Já a outra, mais otimista, é que a integração é mais um passo no desenvolvimento da relação entre Rede D’Or e a Bradesco Saúde — “o que poderia influenciar positivamente a concretização da aquisição da Fleury”, afirmou a equipe liderada por Vinicius Figueiredo.
Na mesma linha, o BTG Pactual avalia que a transação reforça ainda mais o potencial de fusão entre a Rede D’Or e a Fleury (FLRY3) — onde o Bradesco também é acionista relevante.
O banco também destaca que a operação tem impacto “pequeno” no balanço da empresa.
“O Glória D’Or é um hospital relativamente pequeno e compartilhar seus resultados não altera de forma material a tese de investimento da Rede D’Or isoladamente, mas ressalta a convergência em curso com o Bradesco”, afirmaram os analistas Marcel Zambello, Maria Resende e Samuel Alves, em relatório.
A equipe ainda avalia que, seguindo o padrão de transações anteriores, é possível que a operação tenha sido precificada a valor contábil, com expectativa de que o Bradesco reembolse metade do investimento da Rede Dor — acima de R$ 400 milhões no hospital (ajustado pela inflação) — embora isso não tenha sido explicitamente informado no comunicado da companhia.
Nos cálculos do Santander, o Glória D’Or poder ter sido avaliado em aproximadamente R$ 600 milhões (sem ajuste de capital de giro). Esse valor levaria a um fluxo de caixa de pelo menos R$ 300 milhões para a Rede D’Or, provavelmente no 4º trimestre de 2025 (4T25).
“Esperamos que o preço do negócio tenha tido termos semelhantes aos do acordo do São Luiz Campinas (valor contábil ajustado pelo CDI + ajuste de capital de giro)” — o que é considerado negativo pelos analistas do banco, Caio Moscardini e Eyzo Lima.
Rede DOr e Bradesco Saúde
Os analistas do BTG Pactual também destacaram, em relatório, que a relação entre a Rede D’Or e a Bradesco Saúde “vem se fortalecendo de forma consistente”.
“O anúncio não apenas amplia esse alinhamento, como também abre espaço para novos projetos e até operações de M&A passarem pela JV, sinalizando opcionalidades ainda não precificadas.”
O trio ainda afirma que desde a aquisição da SulAmérica e a criação da Atlântica D’Or em 2023, diversos hospitais já foram transferidos para a JV, evidenciando maior integração entre os grupos.
Somados, SulAmérica e Bradesco atendem sete milhões de beneficiários, cerca de 13% do mercado privado de saúde no Brasil,
Com a inclusão do Hospital Glória D’Or, a Atlântica passa a ter sete ativos: dois hospitais no Rio de Janeiro (Glória D’Or e Macaé D’Or) e três no estado de São Paulo (São Luiz Campinas, São Luiz Guarulhos e São Luiz Alphaville), além de dois ativos ainda em construção (Ribeirão Preto e Taubaté).
“Mais do que um veículo de funding, a Atlântica D’Or se consolida como uma plataforma para a Rede D’Or reciclar capital, acelerar o credenciamento com as principais operadoras e compartilhar resultados ao longo das diferentes fases do ciclo hospitalar”, afirmaram os analistas arcel Zambello, Maria Resende e Samuel Alves, do BTG Pactual.
É hora de comprar RDOR3?
O Itaú BBA reiterou sua recomendação de compra para RDOR3 com preço-alvo de R$ 50 — o que representa um potencial de valorização de 39,3% até o final de 2026 sobre o preço de fechamento de ontem (1º).
O Santander também tem recomendação de compra e vê um potencial de desvalorização de 11,8% na ação até dezembro deste ano. O preço-alvo é de R$ 24,50.
O BTG Pactual mantém a Rede Dor como sua ação preferida (top pick) do setor de saúde. Para o banco, a companhia tem a melhor ideia de buy-and-hold (comprar e segurar) no universo de cobertura do setor.
“A companhia oferece uma combinação única de fortes perspectivas de crescimento no negócio hospitalar, melhora de rentabilidade tanto em hospitais quanto em seguros, e vários catalisadores potenciais, incluindo desalavancagem com à queda de juros, além de outras opcionalidades via M&A (fusões e aquisições) ou por meio desta parceria estratégica com o Bradesco”, afirmam os analistas em relatório.
O banco tem preço-alvo de R$ 48 — o que representa um potencial de valorização de 22,7% até o final de 2026 sobre o preço de fechamento de ontem (1º).
O BofA tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 45 — prevendo um possível salto de valorização de 15,1% na comparação com o preço de fechamento anterior (1º).
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