Setor Elétrico

Rede elétrica da China luta para acompanhar salto na demanda por energia

15 jan 2021, 17:01 - atualizado em 15 jan 2021, 17:01
Setor Elétrico, China
O aumento no consumo nacional foi quase o equivalente a adicionar todo o consumo dos Estados norte-americanos do Texas (Imagem: REUTERS/Jason Lee)

O sistema elétrico da China já estava ficando sobrecarregado antes mesmo de um tempo atipicamente frio atingir a maior parte do país em dezembro e janeiro.

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Assim como em outras economias de rápido desenvolvimento na Ásia, o problema de confiabilidade da China decorre mais do crescimento acelerado no consumo de eletricidade do que do clima anormal, com a geração de energia lutando para acompanhar o ritmo.

O consumo em todo o país avançou mais de 9% em novembro em comparação com mesmo mês do ano anterior, um dos aumentos mais rápidos da última década em comparação anual, segundo dados do Conselho de Eletricidade da China.

O aumento no consumo nacional foi quase o equivalente a adicionar todo o consumo dos Estados norte-americanos do Texas, Arkansas, Oklahoma e Louisiana à rede elétrica da China no espaço de doze meses.

O uso de eletricidade aumentou em todos setores da economia, incluindo indústrias primárias (+13%), manufatura (+12%), serviços (+8%) e clientes residenciais (+7%), apesar do clima mais ameno do que o normal, com a atividade empresarial se recuperando rapidamente da desaceleração vista em 2019 e no início de 2020, causada pela guerra comercial com os Estados Unidos e depois pela Covid-19.

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Os quatro setores industriais mais intensivos em energia verificaram grandes aumentos de consumo em novembro, na comparação com igual período do ano anterior: materiais de construção (+12%), produtos químicos (+11%), ferro e aço (+9%) e metais não ferrosos (+11%).

O consumo diário médio de eletricidade da indústria manufatureira atingiu uma máxima recorde em novembro, segundo o boletim mensal do Conselho de Eletricidade da China.

Já o consumo dos fabricantes de equipamentos e de empresas de alta tecnologia aumentou em 11%, enquanto o de produtores de bens de consumo teve alta de 5% ante mesmo mês de 2019.

A aceleração do uso eletricidade na China é consistente com pesquisas que mostram, por relatos do setor industrial em novembro e dezembro, alguns dos aumentos mais generalizados na atividade comercial em uma década.

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Depois que as temperaturas despencaram, em dezembro, a rede ainda passou a lutar para atender a uma crescente carga dos sistemas de aquecimento.

Anualmente, o consumo de eletricidade na China atinge o pico no verão local, quando a demanda pelo ar condicionado é alta, mas a pressão sobre o sistema é aliviada pela abundante disponibilidade de geração hidrelétrica durante a temporada anual de chuvas.

Já no inverno, a geração hidrelétrica é menor, o que aumenta a carga sobre as usinas térmicas e nucleares, bem como sobre os parques eólicos, para compensar o déficit.

O consumo total de novembro (646 terawatts-hora) ficou bem abaixo do recorde registrado em agosto (729 TWh), mas com a redução do suporte hidrelétrico, a pressão sobre as outras formas de geração foi maior.

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A estatal State Grid anunciou um plano de oito medidas para aumentar a oferta, incluindo ordens para adiamento de manutenções e a busca por mais carvão e gás.

A necessidade de medidas emergenciais para estabilizar o sistema é um sinal de escassez estrutural de energia. O país conseguiu sobreviver a este inverno, mas precisará de muito mais geração para reduzir os riscos de confiabilidade no futuro.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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