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Redução de juros do consignado de aposentados só atinge Itaú entre os grandes

17 mar 2020, 19:26 - atualizado em 17 mar 2020, 21:37
Itaú ITUB4
O Itaú é líder neste mercado, conforme dados divulgados pelo Banco Central no âmbito da reunião do CNPS. (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Proposta do governo para redução nos juros do consignado para aposentados aprovada nesta terça-feira só atinge o Itaú Unibanco (ITUB4) dentre os grandes bancos do mercado, ficando acima da média já praticada pelas instituições financeiras de modo geral.

Mesmo assim, a Febraban (federação dos bancos) fez a sugestão de uma diminuição mais modesta no limite para os juros, argumentando que um corte maior poderia impactar especialmente as pequenas e médias instituições num cenário de incertezas com o coronavírus.

Ao fim da discussão do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) nesta terça-feira, a taxa de 1,80% ao mês acabou sendo aprovada.

O teto até então vigente era de 2,08%, alterado pela última vez em setembro de 2017, quando a Selic, taxa básica de juros, estava em 8,25% ao ano.

Hoje, a Selic está em 4,25% e com o mercado em compasso de espera por novo corte pelo BC nesta quarta-feira como resposta ao cenário de crise com a disseminação do coronavírus.

O Itaú é líder neste mercado, conforme dados divulgados pelo Banco Central no âmbito da reunião do CNPS.

A medida de redução nos juros do consignado integra pacote divulgado na semana passada para enfrentamento aos impactos da pandemia.

A ideia, com a mudança, é baratear os financiamentos para idosos, mais vulneráveis à evolução do Covid-19 em caso de infecção.

Em apresentação exibida na reunião do conselho, que foi transmitida pela internet, o Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro do BC informou que a taxa média praticada pelos chamados bancos complexos, que compreendem as maiores instituições do país, foi de 1,74% ao mês no período de 19 a 27 de fevereiro.

Entre os bancos regionais públicos, a taxa média foi de 1,50% ao mês e nos demais, de 1,79% ao mês no mesmo período.

SANB3 Santander Bancos
Olhando para as grandes instituições, o Santander cobrou 1,47% ao mês de juros (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

Segundo o BC, 35% das concessões em janeiro nesta modalidade de crédito foram feitas por bancos que praticavam taxas de juros acima do novo limite proposto.

Neste grupo, o Itaú Unibanco foi quem mais concedeu empréstimos (taxa de 1,82% ao mês), seguido pelo Banco Itaú Consignado (1,93% ao mês) e Banestes (1,95% ao mês).

As maiores taxas no período foram cobradas pela Parati – CFI (2,17% ao mês), Via Certa Financiadora (2,13%) e Mercantil Brasil e Banco Digio, ambos com 2,07% ao mês.

Olhando para as grandes instituições, o Santander (SANB11) cobrou 1,47% ao mês, seguido por Caixa Econômica Federal (1,56% ao mês), Bradesco Financiamentos (1,69% ao mês), Bradesco (BBDC4) (1,75%) e Banco do Brasil (BBAS3) (1,76%), todos no período de 19 a 27 de fevereiro.

O CNPS também aprovou uma redução dos juros máximos para operações de consignado com cartão de crédito para os aposentados do INSS a 2,70% ao mês. Inicialmente, o governo propôs uma redução a 2,60%, ante teto de 3% hoje.

Em outra frente, a reunião do CNPS também aprovou que os prazos máximos das operações subam para 84 meses, ante 72 meses atualmente.

A federação que reúne os bancos, Febraban, apresentou na reunião uma proposta de redução no teto do consignado para aposentados a 1,98% ao mês, e 2,90% ao mês para os empréstimos consignados com cartão de crédito.

Em sua apresentação, a entidade argumentou que o cenário de elevação do custo de captação de longo prazo, com alta volatilidade, em especial para bancos pequenos e médios, “poderá resultar em impacto na oferta de crédito e concentração bancária caso fixado teto incompatível com esta nova realidade”.

Em nota, o Itaú afirmou que a taxa média divulgada pelo BC não corresponde às taxas disponibilizadas aos clientes, mas à média das operações contratadas num determinado período, refletindo também fatores como características do produto e perfil do cliente.

O banco afirmou ainda que apoia as iniciativas do BC que proporcionem redução das taxas e que está “preparado para acatar as medidas propostas pelo órgão”.

(Atualizada às 20h37)