Combustíveis

Redução de mistura de biodiesel no Brasil afeta setor de soja, que já fez recompras

13 ago 2020, 15:03 - atualizado em 13 ago 2020, 16:44
Bento Albuquerque
O ministro afirmou mais cedo, durante um seminário online do setor de biodiesel, que a mistura será reduzida devido a problemas de oferta constatados no leilão L75 (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A redução da mistura de biodiesel no diesel de 12% para 10% para entregas em setembro e outubro, anunciada nesta quinta-feira pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afeta o planejamento da indústria de soja, que havia até mesmo feito recompras de grãos que seriam exportados para atender as obrigações, disse a associação Abiove.

O ministro afirmou mais cedo, durante um seminário online do setor de biodiesel, que a mistura será reduzida devido a problemas de oferta constatados no leilão L75.

O “desbalanço” na oferta de combustível, conforme afirmou o ministro, ocorre após o Brasil ter exportado grandes volumes de soja em 2020, com uma forte demanda da China e contando com um câmbio favorável para exportações –o óleo de soja responde por 70% a 75% da matéria-prima do biodiesel, dependendo da época do ano.

Veja a live:

“A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) lamenta a decisão do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de reduzir a mistura…”, disse em nota.

Para a Abiove, a decisão foi “tomada de forma precipitada pois sua principal alegação, de falta de biodiesel, somente poderá ser comprovada após o cumprimento do que está previsto no edital”.

“Ou seja, após a conclusão do L75, que segue paralisado, e a realização de um leilão complementar, caso fosse evidenciado, a partir do fechamento do L75, que as vendas seriam insuficientes para atender a demanda”, completou.

De acordo com a associação, ao ter anunciado redução da mistura antes da finalização do leilão, “os órgãos oficiais podem estar desprezando 1.166.420 m³ já comercializadas nas etapas já realizadas do L75”.

A associação disse ainda que havia um compromisso do MME e da ANP de, qualquer que fosse a decisão, esta fosse comunicada oficialmente aos setores envolvidos “para evitar especulações no mercado”.

“Infelizmente houve uma comunicação pública antes de informar o setor.”

A associação da indústria de soja, o principal produto de exportação do Brasil, afirmou que “não admite o cancelamento das vendas realizadas, visto que essa ação causaria colapso na cadeia produtiva da soja e na comercialização de óleo, dado que a matéria-prima já foi comercializada, inclusive com recompras de soja que iria ser exportada para ser processada no Brasil”.

Para a Abiove, há também compromissos firmados com as vendas de farelo de soja, produto derivado do processamento da soja, assim como o óleo, utilizado para a produção de biodiesel.

“Tudo isso será colocado em risco se for tomada mais uma decisão equivocada sobre o L75. Portanto, a Abiove considera obrigatória a conclusão do L75 e o cumprimento estrito do disposto no edital desse leilão”.

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