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Reestruturação da Raízen (RAIZ4) avança e Selic de 14,75% inviabiliza investimentos, diz Rubens Ometto

30 maio 2025, 7:00 - atualizado em 30 maio 2025, 7:05
Rubens Ometto, fundador e sócio controlador da Cosan
Ometto afirma que nenhum investimento supera o nível de 15% dos juros (Reprodução BTG CEO Conference 2025)

O fundador e presidente do conselho da Cosan (CSAN3), Rubens Ometto Silveira Mello, afirmou que as “distrações” do grupo estão sendo corrigidas e o processo de reestruturação da Raízen (RAIZ4), empresa em sociedade com a Shell, está em andamento para redução da dívida.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico nesta sexta-feira (30), Ometto afirmou que está prevista a venda de ativos não estratégicos para a companhia focar em distribuição de combustíveis, açúcar e etanol e cogeração de energia.

“Estamos nos dedicando a corrigir os erros que a gente cometeu [na Raízen]. A gente se distraiu e [a empresa] foi num caminho ruim”, afimou Ometto.

O empresário considera que a Raízen investiu muito em etanol de segunda geração, além de ter comprado a Biosev e uma refinaria de distribuição de combustíveis na Argentina. “Isso fez com que elevasse a alavancagem. E essa alavancagem, com o nível atual de juros, prejudica muito o balanço da Raízen e, consequentemente, o da Cosan”.

De acordo com Ometto, o plano da Raízen é rever toda a parte de governança e aumentar a produtividade das pessoas, alegando que existe muito trabalho que é duplicado.

Selic alta impede investimentos

O presidente do conselho da Cosan afirmou na entrevista ao Valor Econômico que não é viável falar em M&A e compra de ativos com os juros de 15%. Segundo ele, “nada dá retorno sobre isso”.

“Os juros têm de baixar. Todo mundo acha que não se deve aumentar impostos. Precisa ter equilíbrio nos gastos. É uma equação que, para quem está lá, que conhece todos os números, tem de arrumar uma maneira de fazer. Se você não tiver um equilíbrio fiscal, os juros não baixam. Acho que é isso que o governo está meditando como fazer. Se os juros baixarem de uma maneira tecnicamente recomendável, o país estoura”.

Ometto afirmou que sempre teve uma relação muito boa com o presidente Luís Inácio Lula da Silva, que, mesmo com posições diferentes, foi sempre honesta. Ele considera Lula um homem experiente, de consenso e que vai conseguir organizar as ideias de todo mundo.

“Em relação ao Brasil também, não depende só dele [Lula], eu acho que você tem um problema da instabilidade jurídica. Parece que está melhorando, mas você tem um Judiciário que invade o Legislativo, que invade o Executivo, que invade o Judiciário… O quadrado de cada um precisa ser bem definido”.

Vale: projeto pessoal que deu errado

Rubens Ometto afirmou que o investimento na Vale (VALE3) era um “projeto pessoal que ele tinha” e que a Cosan perdeu dinheiro na operação. Ele considera a mineradora uma empresa “fantástica, orgulho nacional” e que [ele] teria muito a contribuir, mas que ficou impedido por falta de apoio.

Os acionistas eram todos do mercado financeiro. Nenhum deles tinha um DNA de empresário, de industrial, que é o que a gente sabe fazer. Muita gente de primeira linha, como o Bradesco, o Mitsui, uma pequena parte do governo também, através da Previ, e sócios investidores. Achei que tinha um espaço para fazer muita coisa lá”, afirmou.

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fernando.antunes.ext@moneytimes.com.br
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