Economia

Risco fiscal: Adiar a reforma do Imposto de Renda é medida factível para melhorar contas públicas, diz Bruno Funchal

15 jan 2025, 18:00 - atualizado em 15 jan 2025, 15:34
(Imagem: Washington Costa - ASCOM/ME)

Para o CEO da Bradesco Asset Management e ex-Secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, adiar a reforma do Imposto de Renda (IR) é uma medida factível para melhorar o cenário macroeconômico brasileiro.

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No final do ano passado, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que vai propor a elevação da faixa de isenção do IR para R$ 5 mil.

Funchal explica que essa reforma precisa ser neutra — ou seja, sem comprometer a arrecadação. “É uma revisão na faixa de isenção do IR que pode gerar uma perda de receita de cerca de R$ 50 bilhões. No projeto, teria uma nova tributação, mas o risco de tramitação é muito elevado”, disse no painel Macro do evento “Onde Investir em 2025”, do Seu Dinheiro.

O CEO da Bradesco Asset Management acredita que é mais prudente adiar essa pauta para um momento em que o cenário econômico permita a implementação de uma medida fiscal mais consistente. “Se revisasse essa pauta e jogasse mais para frente, acho que seria um baita ganho”, afirmou.

“Estamos falando de mais R$ 50 bi em uma economia que está acelerada, pode gerar mais inflação e continuar esse conflito entre política monetária e fiscal — enquanto a fiscal acelera o carro, a monetária pisa no freio. Não é possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo sem gerar instabilidade”.

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Já o estrategista-chefe e fundador da Empiricus, Felipe Miranda, avalia que uma possível saída do atual cenário fiscal apertado para o governo do presidente Lula seria combater os super salários no setor público.

“Cerca de 93% da magistratura brasileira e 91% dos membros do Ministério Público recebem salários acima do teto constitucional. Tem um trabalho gigantesco para fazer em cima disso”, disse no evento.

Miranda afirmou que a reforma administrativa, inclusive, poderia se tornar uma pauta alinhada com a retórica progressista do governo, que aborda diretamente o combate a privilégios.

‘Cenário de cauda’

No evento, os especialistas avaliaram que o cenário macro brasileiro segue apertado e depende de um ajuste fiscal do governo.

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Funchal disse que o pacote fiscal apresentado pelo governo no final do ano passado deveria estabilizar a dívida pública. No entanto, as medidas não se mostraram eficazes.

O conjunto de propostas anunciadas, que inclui a contenção de gastos e a reforma no Imposto de Renda, foi, na verdade, visto como um fator de risco fiscal. “O pacote trata uma parte do problema, mas traz outro risco fiscal relevante. Fragilizou a perspectiva que ancora a expectativa em termos de previsibilidade”, disse.

Com as expectativas desancoradas, Miranda, da Empiricus, disse que o país entrou em um “cenário de cauda” — ambiente com eventos improváveis, que causam impactos significativos nos mercados e na economia.

“A principal dúvida do mercado é justamente essa: o modelo econômico atual não parece que vai parar em pé. Se o governo continuar dando estímulos de demanda em uma economia que já cresce acima do seu potencial, vai enfrentar inflação e déficit em conta corrente em algum momento.”

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“A sensação de mal estar na sociedade vai ser crescente ao longo do ano”, afirmou.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
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Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
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