Reforma tributária pode pressionar margens da construção civil e frear demanda da classe média, diz CEO da Moura Dubeux

A Reforma Tributária, que começa a ser implementada em fase de teste ano que vem, pode ter impactos severos sobre o setor da construção civil, segundo empresários e executivos do mercado imobiliário presentes no Summit Abrainc 2025.
O principal ponto de crítica está na substituição do atual Regime Especial de Tributação (RET), que simplifica e reduz a carga fiscal para incorporadoras, por um novo modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que eleva a alíquota efetiva de 4% sobre os imóveis residenciais.
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Para Diego Villar, CEO da Moura Dubeux, uma das principais incorporadoras do Nordeste, a mudança representa um “retrocesso sem a menor dúvida”. Ele destaca que o RET, baseado no lucro presumido, permite uma tributação simples, transparente e atrelada ao caixa, além de reduzir seis tributos a uma única alíquota. Já o modelo previsto pela reforma, apesar de prometer compensações via crédito tributário, pode elevar os custos e gerar efeito inflacionário na cadeia de produção.
“É uma ilusão acreditar que os créditos tributários serão totalmente repassados. Alguns fornecedores vão ampliar suas margens, e o efeito será um aumento de preços”, afirma Villar.
O impacto pode ser ainda mais expressivo em imóveis voltados à classe média, com valor a partir de R$ 600 mil — faixa que hoje está fora das políticas de subsídio, como o Minha Casa Minha Vida. Mesmo com a previsão de uma redução de 50% na alíquota do IVA para o setor, o empresário calcula que a carga final será superior aos atuais 4%, pressionando o preço dos imóveis e a capacidade de compra das famílias.
“Se houvesse espaço para cobrar mais, o mercado já estaria fazendo isso. Mas a verdade é que a classe média está cada vez mais comprimida. O risco é frear o ritmo de lançamentos e desestimular a demanda”, alerta.
Além do aumento da carga tributária, o setor teme a complexidade operacional da transição entre o RET e os novos tributos (IBS e CBS), o que pode gerar insegurança jurídica, aumento de custos com sistemas e pessoal, além de maior risco de autuação por parte da Receita Federal.
No radar dos investidores, as mudanças na tributação podem afetar diretamente as margens operacionais das incorporadoras, que já enfrentam desafios como juros altos, burocracia regulatória e pressão inflacionária sobre insumos. Especialistas alertam que o momento exige atenção redobrada com os fundamentos financeiros das empresas do setor.
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