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Restante dos que aderiram a PDVE do Bradesco deve sair ainda este ano

01 nov 2017, 16:05 - atualizado em 05 nov 2017, 13:52

O vice-presidente do Bradesco, Alexandre Gluher, afirmou que a maior parte dos colaboradores que aderiram ao Plano de Desligamento Voluntário Especial (PDVE) já deixou o banco e que o restante deve sair até o final deste ano. O quadro de colaboradores da instituição foi reduzido em 4,455 mil funcionários no terceiro trimestre ante o segundo, totalizando 100,688 mil colaboradores.

Com adesão de 7,4 mil colaboradores, o PDVE teve custo total, lembrou Gluher, de R$ 2,3 bilhões. Destes, R$ 1,262 bilhão foram registrados como eventos não recorrentes e que impactaram o lucro líquido contábil do Bradesco no terceiro trimestre. O efeito anual estimado nas despesas de pessoal com o PDVE, de acordo com o Bradesco, é uma redução de R$ 1,5 bilhão (bruto de efeitos fiscais).

Inadimplência

Gluher afirmou que o aumento da inadimplência nas grandes empresas identificado no terceiro trimestre está relacionado a um caso específico e não preocupa. “A inadimplência das grandes corporações já bateu o pico entre setembro do ano passado e março deste ano. Vamos ver cenário com situações pontuais, mas a tendência é de queda”, explicou o executivo, em conversa com jornalistas.

A inadimplência das grandes empresas passou de 1,52% em junho para 1,80% em setembro. Em um ano, porém, houve queda de 0,20 ponto porcentual. “As empresas têm evoluído em termos de melhorar os seus balanços e se prepararem para a próxima fase de crescimento, mas ainda estamos sujeitos a alguns impactos”, destacou o diretor de Relações com o Mercado, Carlos Firetti.

Quando ao crédito massificado, que abrange pessoas físicas e pequenas e médias empresas, o Bradesco vê, conforme Gluher, “clara tendência de redução, até bastante significativa”. “Atingimos o pico no final do ano passado e de lá para cá estamos reduzindo a inadimplência com uma série de fatores, melhoria nos modelos de concessão e cobrança. Melhoramos muito nosso processo e conseguimos capturar de maneira bastante positiva a melhora que começa a se sentir na economia”, detalhou o executivo.

Gluher reforçou ainda que a economia brasileira está ganhando tração e que esse cenário, conforme mostram indicadores de desemprego e crescimento do crédito na pessoa física, deve ser reforçado no próximo ano, contribuindo para o desempenho do banco.

PDDs

As despesas com provisões para devedores duvidosos (PDDs) do Bradesco devem continuar em queda e têm potencial de atingir níveis históricos de baixa ao final do próximo ano, de acordo com Gluher. Esses gastos totalizaram R$ 3,822 bilhões no terceiro trimestre, redução de 33,4% em relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 5,742 bilhões.

Na comparação com os três meses anteriores, teve retração de 23,1%. A redução das despesas com PDDs, de acordo com Gluher, foi possível com uma nova queda da inadimplência do banco. “Está se consolidando uma tendência positiva que deve continuar em 2018”, afirmou ele, em teleconferência com jornalistas, nesta manhã.

O índice de inadimplência do Bradesco, considerando atrasos acima de 90 dias, teve a sua terceira melhora consecutiva no terceiro trimestre. O indicador foi a 4,8% ao final de setembro, com queda de 0,1 ponto porcentual na comparação com o término de junho, de 4,9%. Em um ano, a melhora dos calotes chegou a 0,6 p.p.

Vendas de carteiras

Segundo Gluher, o Bradesco adotou a venda de carteiras de créditos vencidos como um processo constante e considera fazer novas operações a custos oportunos. No terceiro trimestre, a instituição vendeu mais R$ 4,5 bilhões e, conforme antecipado pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), uma nova venda de R$ 4 bilhões poderia ser feita ainda neste ano.

“Não dá para afirmar sobre novas vendas. Mas esse processo (de venda de carteiras) entrou em funcionamento. Nossas equipes avaliam constantemente carteiras e expectativas de recuperar com nosso esforço vis-à-vis a precificação com uma eventual venda”, disse Gluher, em conversa com jornalistas.

De acordo com ele, o Bradesco considera, antes da venda de uma carteira, a redução do custo que terá e ainda o ganho operacional com a desobstrução dos canais de cobrança, liberando os esforços para a recuperação de créditos que tenham mais perspectiva de serem retomados. Em relação à venda de carteiras ativas, conforme fez o Itaú Unibanco no terceiro trimestre, o executivo disse que, por ora, o banco só tem se desfeito de carteiras baixadas a prejuízo, mas não descartou a possibilidade. “Não posso descartar e aprofundar o modelo atual. O foco é vender carteiras já colocadas em prejuízo, mas vamos continuar com avaliação constante”, disse Gluher.

Guidance de crédito

O Bradesco espera ficar dentro do intervalo do seu guidance para crédito ainda que fique na parte inferior, de acordo com o vice-presidente do banco. “O último trimestre para a geração de negócios é um pouco maior. A pessoa física já está mostrando crescimento e vemos a carteira de pessoa jurídica próxima de atingir a estabilidade. O guidance vai ser alcançado mesmo que na parte inferior”, explicou o executivo.

Como reitera no informe de resultados do terceiro trimestre, a instituição espera recuo de até 5% para sua carteira de crédito e, na melhor das hipóteses, queda de 1% tanto no conceito “pró-forma”, que inclui a incorporação do HSBC Brasil no período de análise, como no “publicado”.

A carteira de crédito total do Bradesco foi a R$ 486,864 bilhões ao final de setembro, redução de 1,4% em relação a junho e de 6,7% em um ano. Para 2018, o diretor de Relações com o Mercado do banco, Carlos Firetti, disse que o banco pode ter um volume de crédito melhor do que ao longo deste ano.

Isso porque a melhora da economia deve fazer com que o crédito, conforme o departamento econômico do Bradesco, cresça 5% no próximo exercício. A melhora na demanda, porém, continua sendo vista na pessoa física, segundo Firetti. Um dos termômetros, disse ele, foi o crescimento da carteira de crédito a veículos que há muitos trimestres não era visto.

“Foi o primeiro crescimento de muito tempo. Há algum significado. Essa carteira veio sendo ajustada à nova realidade do mercado e o tamanho da nossa produção já permite algum crescimento no crédito a veículos”, disse ele. Apesar disso, Gluher reforçou que o banco busca crescer em crédito com qualidade e não está focado em ampliação de share. Lembrou ainda que as grandes corporações ainda precisam de mais confiança para voltar a investir, o que virá com a melhora do cenário político. Mas, segundo ele, já cresceu a procura para recompor estoques e o crédito a pessoas jurídicas deve voltar a crescer no ano que vem.

(Por Aline Bronzati)

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