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Resultado de Petrobras (PETR4) é frustrante, mas com dividendos: Analistas avaliam o que fazer com papel

14 maio 2024, 13:04 - atualizado em 14 maio 2024, 13:19
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A analista Helena Kelm, da XP Investimentos, avalia que “não houve um só culpado” para que os resultados deste trimestre ficassem abaixo das estimativas (Imagem: Agência Petrobras)

Um dos resultados mais esperados da temporada do primeiro trimestre de 2024 (1T24) foi divulgado ontem (13), após o fechamento da bolsa: o da Petrobras (PETR4). No entanto, a ansiedade do mercado logo se transformou em frustração. Os números da estatal ficaram abaixo da expectativa.

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A petroleira encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 23,7 bilhões, queda de 38% em relação ao mesmo período de 2023. Ante o quarto trimestre, a queda foi de 23,7%.

O Ebitda, que mede o resultado operacional, ajustado somou R$ 60 bilhões, 17% menor, e abaixo dos R$ 71 bilhões projetados pelos analistas.

A Petrobras, no comunicado enviado ao mercado, se justifica dizendo que o período foi marcado por uma conjunção de fatores, entre eles menores volumes de produção e queda do preço do petróleo. Ademais, houve uma série de paradas para manutenção das plataformas. Não bastasse isso, a empresa também viu o dólar desabar.

A analista Helena Kelm, da XP Investimentos, avalia que “não houve um só culpado” para que os resultados deste trimestre ficassem abaixo das estimativas.

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“A produção diminuiu 5,5% no trimestre, devido a paradas de manutenção, o que levou a custos de extração mais elevados e, consequentemente, a margens de E&P ligeiramente mais baixas. Os custos foram também uma ligeira surpresa negativa tanto nos SG&A (cerca de +USD300mn vs expectativa da XP) como nos outros custos”, detalhou Kelm.

No geral, a XP acredita que, mesmo assim, o resultado apenas deverá desencadear pequenas revisões pela equipe.

  • A Petrobras (PETR4) divulgou seu resultado do 1T24 e novamente ficou abaixo das expectativas do mercado. O que fazer com as ações da empresa agora? Vale a pena investir para receber seus dividendos? Confira a resposta no Giro do Mercado desta terça-feira: clicando aqui

Por outro lado, a Genial Investimentos enxerga que a geração de caixa livre (fluxo de caixa operacional – investimentos) fechou em patamares interessantes, em R$ 32 bilhões. Segundo eles, o valor representa um rendimento de 5,8% no trimestre e 23% em termos anualizados, ou seja, em linha com o esperado por uma petroleira madura no estágio de produção e com o atual nível de preços do petróleo.

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“Acreditamos que essa linha é uma das mais sensíveis da tese da Petrobras tendo em vista os riscos de investimentos inapropriados, subsídios diversos, etc. O grande temor permanece no uso desses recursos com foco de acelerar a transição energética em projetos que julgamos pouco interessante tendo em vista os grandes retornos do segmento de E&P, especialmente o pré-sal e a margem equatorial”, ressaltou Vitor Sousa, analista responsável pelo relatório da Genial.

O BTG Pactual classificou os resultados como fracos. Segundo o banco, o número abaixo do esperado ocorreu devido um Ebitda mais fraco em todas as unidades de negócios, mas principalmente no segmento de produção, que gerou um Ebitda de US$ 11,2 bilhões (R$ 55,4 bilhões), ou 9% abaixo da previsão.

“Sem dúvida, subestimamos os impactos das paradas de manutenção divulgadas anteriormente no custo de extração/produção que aumentou US$ 0,6/boe (+8% t/t) para US$ 8,4/boe devido à desalavancagem operacional”, explica.

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O que fazer com as ações da Petrobras (PETR4)?

A empresa também aprovou o pagamento de R$ 13,45 bilhões em dividendos e juros sobre o capital próprio, em linha com a sua política de dividendos. O valor por ação será de R$ 1,04161205 por ação ordinária e preferencial em circulação.

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Em termos anualizados, a Genial Investimentos estima um rendimento de pelo menos 10% ao ano. Apesar disso, a casa reitera que isso não é o suficiente para justificar um posicionamento mais agressivo no papel.

Por volta das 12h50, as ações da Petrobras caíam 1,39% na bolsa brasileira, a R$ 41,04. Com isso, a estatal perde cerca de R$ 14,9 bilhões em valor de mercado com o recuo do valor das ações.



A recomendação da Genial, por tanto, é de manter a ação justamente pela motivação dos dividendos, mas com o alerta para a dívida bruta.

“Lembramos uma vez mais que a atual fórmula de pagamento de dividendos só é válida desde que a dívida bruta não ultrapasse US$ 65 bilhões. Sendo assim, a evolução da dívida bruta fica sendo outro ponto de atenção a ser acompanhando daqui por diante”, ressalta Sousa.

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Já o Bradesco BBI analisam que o dividendo ficou ligeiramente abaixo das estimativas dos analistas, mas que ainda assim esperam por um rendimento de dividendos de 12% para 2025. A recomendação da casa é de “compra”.

“Mantemos a recomendação para as ações da Petrobras, já que a tese de investimento total ainda é sólida, apesar dos números abaixo do estimado no trimestre”, reiteram Vicente Falanga e Ricardo França, analistas que assinam o documento.

Sobre a questão polêmica de dividendos extraordinários — que foi a pauta favorita dos noticiários de mercado no último mês — o BB Investimentos avalia uma eventual não distribuição caso a Petrobras inclua investimentos fora do previsto no curto prazo, mas que estão no radar da companhia.

O analista Daniel Cobucci cita o uso de seu direito de preferência para aquisição de fatia na Braskem ou oportunidades ligadas a biorefino e/ou acordo com a Acelen para retorno à refinaria de Mataripe (antiga RLAM).

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Além disso, eles esperam que a companhia aumente seus investimentos em exploração, dada a necessidade de novas reservas.

“Após a forte queda apresentada em março, ocorrida após a não distribuição dos dividendos extraordinários, o papel voltou a subir e atingir novas máximas, reforçando nossa posição inicial de que o assunto seria um ruído de curto prazo”, avalia Cobuci.

“Mantemos nossa recomendação compra e o preço-alvo de R$ 47 para 2024”.

Na visão do BTG, menos paradas para manutenção e adição de uma nova plataforma no segundo semestre deverão impulsionar a produção nos próximos nove meses, gerando maior alavancagem operacional e levando o aumento de custos a uma espiral descendente.

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“Combinado com investimentos menores e uma posição de caixa de aproximadamente US$ 18 bilhões (acima do ideal), isso deverá suportar pagamentos mais elevados (e potencialmente extraordinários) no futuro”, completa.

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Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.