Internacional

Ricos gastam em arte enquanto protestos dominam Hong Kong

08 out 2019, 15:55 - atualizado em 08 out 2019, 15:55
Hong Kong
Semana após semana, enquanto manifestantes entram em conflito com a polícia, os ricos da cidade seguem a vida (Imagem: Paul Yeung/Bloomberg)

Do lado de dentro, pessoas ricas gastaram milhões em obras de arte e bom vinho. Do lado de fora, o gás lacrimogêneo invadia as ruas e Hong Kong era novamente engolida por protestos.

Essas duas cenas – a primeira, em um leilão de arte no centro de convenções modernista da cidade; e a segunda, nas ruas iluminadas por neon no distrito de Wan Chai – pareciam capturar a dissonância que se tornou o novo normal em Hong Kong.

Semana após semana, enquanto manifestantes entram em conflito com a polícia, os ricos da cidade seguem a vida. Embora os valores dos imóveis e os preços das ações tenham se desvalorizado, os 10 magnatas mais ricos que geram sua fortuna em Hong Kong ainda valem US$ 197 bilhões, apenas 4% menos do que quando os protestos começaram em meados de junho, segundo o Índice de Bilionários Bloomberg.

A julgar pela participação no leilão de cinco dias da Sotheby’s – e os preços pagos por arte e vinho -, as elites de Hong Kong e do resto da Ásia estão mais dispostas do que nunca a colocar a mão no bolso.

O destaque do leilão de arte contemporânea de domingo foi um novo recorde mundial para o artista japonês Yoshitomo Nara, cuja pintura de uma menina de aparência fofa, mas ameaçadora de desenho animado – “Knife Behind Back“ – foi vendida por US$ 24,9 milhões. No sábado, a Sotheby’s leiloou uma tela do emigrante chinês Sanyu por US$ 25,2 milhões, com quatro concorrentes disputando o quadro de uma mulher nua, cujo lance oficial era de US$ 19 milhões.

O evento inclui 20 leilões ao vivo que devem arrecadar mais de US$ 336 milhões. O salão de leilões de antiguidades chinesas estava lotado na terça-feira, quando um vaso de vidro em forma de bolsa, da dinastia Qing, foi vendido por US$ 22,95 milhões. Alguns compradores também faziam lances por telefone ou por meio de representantes.

O contraste com o caos nas ruas nos últimos dias – em alguns casos, a poucos passos do centro de convenções – era impressionante. Em Wan Chai, no domingo, a polícia disparou gás lacrimogêneo contra manifestantes que se reuniram em um parque e vandalizaram agências bancárias próximas. Em outra parte da cidade, Sham Shui Po, imagens de vídeo mostraram um motorista de táxi ensanguentado que foi arrastado para fora do carro e pisoteado por um grupo de manifestantes depois que o veículo se chocou contra alguns deles.

Foi um dos fins de semana mais caóticos desde que os protestos contra a China começaram a se intensificar, com manifestantes paralisando áreas do centro financeiro depois que o governo impôs uma regra de emergência para proibir máscaras. Os protestos na segunda-feira não ganharam impulso, mas há poucos sinais de retirada de manifestantes radicais que se tornam cada vez mais violentos.

A agitação transformou partes de Hong Kong em zonas de batalha nos finais de semana e feriados, causando estragos no setor de turismo e mergulhando a economia de US$ 360 bilhões rumo à recessão.

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