Internacional

Rio mais importante da Europa corre risco de nova interdição

24 jul 2019, 17:07 - atualizado em 24 jul 2019, 17:08
Com o tráfego do Reno sob o risco de interrupções seguidas, os efeitos das mudanças climáticas tornaram-se cada vez mais tangíveis na região (Imagem: Pixabay)

O tráfego intenso de barcos no rio Reno foi interrompido pela primeira vez na história no ano passado. O encolhimento das geleiras alpinas e a grave seca deixaram a importante via de transporte intransponível. A situação inédita poderia se repetir em algumas semanas.

Com as poucas chuvas, o nível de água na cidade de Kaub – um ponto crítico próximo a Frankfurt – caiu para cerca de 150 centímetros, metade da profundidade há um mês. A passagem de barcaças mais pesadas já foi restringida, e toda a carga transportada através do rio poderia novamente ser interrompida se o nível de profundidade cair para menos de 50 centímetros.

Com o tráfego do Reno sob o risco de interrupções seguidas, os efeitos das mudanças climáticas tornaram-se cada vez mais tangíveis na região. Incêndios florestais na Suécia, fortes tempestades no Mediterrâneo e preocupações do governo alemão com a redução do nível de velocidade de rodovias no calor recorde de junho chamaram ainda mais a atenção sobre o meio ambiente.

“Eventos climáticos extremos estão se tornando mais comuns”, disse a chanceler alemã Angela Merkel em um podcast semanal este mês. “Devemos fazer mais” para proteger o planeta.

O Reno é fundamental para o comércio na região. A via fluvial mais importante da Europa serpenteia cerca de 1.290 quilômetros através de zonas industriais na Suíça, Alemanha e Holanda antes de desaguar no Mar do Norte, no movimentado porto de Roterdã. É um canal fundamental para matérias-primas e mercadorias como carvão, minério de ferro, produtos químicos, fertilizantes e autopeças. A interdição do rio no ano passado contribuiu para uma retração da economia alemã.

“É doloroso quando temos esses períodos de baixo nível de água”, disse o ministro dos Transportes da Alemanha, Andreas Scheuer, em reunião com especialistas em junho para discutir opções para manter o tráfego do Reno fluindo. “É prejudicial para a economia alemã e tem implicações para nosso padrão de vida.”

Empresas acima e abaixo do Reno – como Royal Dutch Shell e BASF – aceleram o planejamento de emergência: estão comprando barcos menores, reservando, como proteção, capacidade de caminhões e trens e estocando mais produtos em depósitos. As previsões de uma onda de calor aumentam o nervosismo, já que as condições quentes e secas devem permanecer na região pelo menos nos próximos 10 dias, segundo previsão da Maxar.

“Esperamos céu azul” e temperaturas acima de 35 graus Celsius na Alemanha, disse Andreas Friedrich, meteorologista da agência federal DWD. “A situação do nível de água vai piorar.”

bloomberg@moneytimes.com.br