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Ritmo de festa? Entenda o que causa o ‘rali de Natal’ na bolsa e saiba o que esperar neste ano

03 dez 2025, 7:05 - atualizado em 02 dez 2025, 17:59
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(Imagem: Reuters)

Por vários motivos, usualmente, tanto a bolsa brasileira quanto as internacionais tendem a avançar no final do ano, em um movimento já conhecido como “rali de Natal”. Em 2025, esse presente do Papai Noel parece ter chegado mais cedo, com o Ibovespa, já no começo de dezembro, operando no nível recorde dos 160 mil pontos. E há quem veja espaço para mais no curto prazo.  

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Os motivos “comuns” apontados por especialistas para o rali de Natal são vários: menor liquidez, rebalanceamentos de carteiras, otimismo com a mudança de ano e com o “clima de festas”, depósito de “rendas extras” (caso do 13º no Brasil) e por aí vai. 

Um levantamento da Elos Ayta mostra que, nos últimos 25 anos, 17 “dezembros” foram positivos. O ganho médio para o período, por sua vez, foi de 2,87%. 

Fonte: Elos Atya

O clima de Natal, obviamente, não é a única explicação para o rali. O cenário macroeconômico pesa nas decisões de fim de ano dos investidores. Se ele for negativo, investidores pensarão duas vezes antes de fazer aportes. 

“Esse movimento costuma acontecer quando o ambiente macro está estável, permitindo que gestores façam os ajustes típicos de final de ano, como rebalanceamentos, fechamento de shorts e entrada de fluxos sazonais. Já nos anos em que o rali não se materializa, geralmente há algum choque relevante”, explica Eduardo Tellechea Cairoli, CEO do Privatto Multi Family Office. 

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Neste ano, os ventos – como o Ibovespa já mostra – parecem estar positivos.  

Flávio Conde, analista da Levante, menciona que, do lado fundamentalista, há uma série de fatores, atualmente, que ajudaram a Bolsa a subir: o corte de juros nos Estados Unidos, a política monetária no Brasil e o avanço dos acordos entre Brasil e Estados Unidos quanto às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. 

No que tange os juros nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) retomou, na sua última reunião, há cerca de um mês, o ciclo de cortes das taxas.  

“Quando o Fed corta juros, o dinheiro passa a vir. Esse rali recente é um rali muito impulsionado pelo investidor estrangeiro”, diz Conde. Taxas menores nos Estados Unidos fazem investidores, por lá, procurarem opções e procurarem tomar mais riscos – com os mercados emergentes entrando no radar. 

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E a visão majoritária do mercado é de que uma nova baixa de juros deve vir na próxima reunião, marcada para semana que vem. Isso, segundo especialistas, pode dar mais fôlego à sequência de altas da bolsa por aqui.  

Rali de Natal impulsionado também por cenário interno

Já ao falar da política monetária brasileira, a interpretação de parte dos investidores é de que “o pior já passou”.  

“A partir de final de novembro, início de dezembro, começou a entrar no radar a provável redução de juros no Brasil. A inflação veio em níveis mais baixos nos últimos dois meses e, com isso, cresceu a expectativa por corte de juros. Com certeza teremos uma queda [dos juros] em março e talvez em janeiro, apesar de pouco provável”, explica Conde. 

Sinalizações do Banco Central brasileiro na próxima semana, após o último Copom do ano, também devem influenciar na continuidade ou não do rali de Natal. 

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Por fim, a reunião entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, em setembro, também é apontada como um dos principais gatilhos para o início do rali de Natal, por ter reduzido tensões e sinalizado uma melhora no ambiente comercial entre Brasil e Estados Unidos. 

Segundo Flávio Conde, houve avanços práticos nas tarifas aplicadas a setores como agricultura e carnes, embora pendências relevantes ainda persistam em siderurgia, alumínio, máquinas, calçados e móveis. O analista lembra que, meses antes, o mercado havia sido surpreendido pelo “tarifaço” anunciado por Trump, em julho, que derrubou o Ibovespa para 132 mil pontos. 

“Eu acho que, por agora, a tendência para a Bolsa ainda é de alta. Aqui dentro nós estamos com uma inflação mais baixa e, consequentemente, [devem vir] juros mais baixos”, afirma Fernando Bresciani, analista de investimentos do AndBank.  

Além das questões macroeconômicas, os especialistas ouvidos pelo Money Times também citaram outros dois fatores que ajudam, neste momento, o Ibovespa em seu rali de Natal: os resultados trimestrais das companhias e as pesquisas sobre a eleição presidencial do próximo ano.  

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“Os resultados das companhias no terceiro trimestre vieram bons e tudo indica que ainda serão bons no quarto trimestre. Todo mundo levou uma arranhada na parte financeira, por conta do juro alto, mas os desempenhos operacionais não foram fracos”, comenta Bresciani, sobre a recente temporada de balanços.  

Já do lado político, nesta terça-feira (2), uma pesquisa da Atlas Intel mostrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de continuar liderando a corrida para o Planalto, perdeu pontos em disputas do segundo turno. Além disso, o petista também viu sua desaprovação aumentar.  

Se a tendência se mantiver nas próximas pesquisas, a visão é de novas pernadas de alta — já que a maior parte do mercado prefere que um nome mais à direita, como o de Tarcísio de Freitas, seja eleito presidente no próximo ano.  

“Em algum momento, o evento de eleição eleitoral vai pegar mais no mercado. No entanto, os juros caindo vão destravar muito valor”, diz o analista do Andbank. “Se o Fed, na próxima semana, realmente cortar juros, teremos mais um ponto positivo para a bolsa brasileira e mais força para o rali de Natal”. 

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Jornalista formado pela Unesp, tem passagens pelo InfoMoney, CNN Brasil e Veja.
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