Eleições 2018

Rodolfo Amstalden: Desculpe, mas eu acho errado este tipo de voto

14 out 2018, 18:44 - atualizado em 14 out 2018, 18:44

Por Rodolfo Amstalden, da Empiricus Research

Talvez você acorde todo dia obcecado por fazer a coisa certa e não fazer a coisa errada.

Parabéns, é sim um interesse louvável.

Mas não é o dilema que realmente importa ao nosso dia a dia, em termos práticos.

Se você completou mais de dois anos de idade e não faz parte da velha política, distinguir entre o certo e o errado não é um grande desafio para você.

Tratar o coleguinha com respeito é certo.

Atravessar o semáforo no vermelho é errado.

O bicho pega mesmo é quando as coisas se misturam numa zona cinzenta.

Nesses casos nebulosos, que são maioria, lembre-se da seguinte heurística:

“Na dúvida, é sempre melhor fazer a coisa certa da forma errada do que fazer a coisa errada da forma certa”.

Aos raros investidores filósofos que acompanham esta newsletter (filósofos também gostam de viver de renda), a heurística acima sintetiza a primazia da ética sobre a técnica.

Parece meio óbvio, mas nas profissões em que a técnica é usada como instrumento de poder, sempre corremos o risco de inverter essa relação, deixando a ética em último lugar.

Os financistas, por exemplo, adoram deixar a ética em último lugar, vangloriando-se de seus modelos ininteligíveis (e ineficientes) de risco e precificação.

Mas vamos voltar àquela heurística uma vez mais.

Não é só pela primazia ética que eu gosto dela.

Gosto também porque ela nos torna muito mais aptos a enriquecer em longo prazo.

No tocante a investimentos, se fizermos a coisa certa sistematicamente – muitas vezes da forma errada e poucas vezes da forma certa – acabaremos ficando tremendamente ricos.

Já se fizermos a coisa errada da forma certa, podemos até lucrar numa tacada de sorte, mas, sistematicamente, estaremos navegando rumo à falência completa.

Por conta disso, aprendi a julgar primeiro os argumentos de um ativo, e só depois seus resultados.

Se a ética passou no teste, a estratégia era boa, mas foi executado da maneira errada, pode haver aí uma enorme oportunidade de comprar barato algo que tem honra.

Nenhum investimento é melhor do que comprar barato algo que tem honra; muito melhor do que comprar barato algo que tende a ficar caro.

Se você, no fim das contas, gosta de renda caindo na conta, mas faz também questão de carregar um investimento honrado, acho que está no lugar certo.

opiniao@moneytimes.com.br