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Rodolfo Amstalden: Por que Alpargatas é uma das minhas principais apostas na Bolsa

08 ago 2021, 12:02 - atualizado em 08 ago 2021, 9:08
Alpargatas
“Nos últimos 12 meses, a Alpargatas soma R$ 4,04 bilhões em receitas. Em termos nominais, é quase o mesmo dos anos de 2015 e 2016, mas, dessa vez, o número é explicado por uma nova história sólida”, destaca o colunista (Imagem: Alpargatas/Divulgação)

Em meio à temporada de balanços do segundo trimestre, vimos que a Alpargatas (ALPA4), dona das marcas Havaianas e Osklen, apresentou excelente resultado – acima das expectativas. Tanto que suas ações chegaram a subir 16,65% no pregão seguinte à divulgação do seu desempenho.

No primeiro trimestre, os indicadores financeiros registrados pela companhia também foram positivos. E, para se ter uma ideia, no acumulado do ano até 6/08, ALPA4 teve uma alta de 43,58% contra 2,2% do Ibovespa.

Isso é a reação do mercado de um dia. O que eu quero neste texto é te dar uma visão mais ampla sobre as transformações na Alpargatas, que faz parte do book de ações do Programa Riqueza Permanente (PRP) (conheça o projeto aqui). Vou explicar por que a companhia pode andar muito mais, retomando aqui um pouco da sua trajetória.

A empresa atravessou um período desafiador especialmente entre 2014 e 2017, com margens baixas.

Vale destacar que, em 2015, o resultado internacional da Alpargatas foi puxado pelo câmbio – o real teve uma desvalorização de 47% frente ao dólar. Portanto, não foi impulsionado por um incremento do volume de produtos comercializados.

Vigorou ao longo desse período, a falta de foco do antigo management. Entre alguns problemas, a forte aposta no mercado argentino – que não foi assertiva – e a falta de sinergia entre as marcas. Por sua vez, as vendas se mantiveram em patamares praticamente estagnados no Brasil.

Isso sem falar do isolamento social da companhia – há seis anos praticamente não se ouvia falar sobre ela na mídia.

Posso dizer até que se tratava de um caso “terminal”. Uma empresa rumo à irrelevância e remunerando bem seus acionistas pela paciência – com dividend yield acima de 5%.

O que mudou? Quais as transformações impulsionam a companhia?

Essa narrativa começou a mudar a partir de meados de 2017 com a saída do grupo controlador, isto é, da J&F, a holding dos irmãos Batista.

Além das alterações no board, houve mudanças na gestão executiva. Roberto Funari assumiu o posto de CEO no início de 2019.  Muito experiente, ele é administrador de empresas e teve grande parte da sua carreira ligada a marcas globais. 

A companhia realizou desinvestimentos, se desfez das operações da Topper e da Mizuno, concentrando-se na tradicional Havaianas e na Osklen.

Funari passou a tocar com êxito um plano estratégico que tem como principais pilares o aumento do mix de produtos, a expansão internacional e a digitalização.

E a Alpargatas intensificou o diálogo com consumidores e investidores, aparecendo mais na mídia, entre outras iniciativas.

Dito tudo isso, mostro aqui o resultado do segundo trimestre de 2021:

  • Receita líquida de R$ 1,09 bilhão, +71% sobre o mesmo período de 2020;
  • Lucro líquido recorrente de R$ 111 milhões, +229% na mesma base comparativa; e
  • Margem bruta de 56%

E observe as performance detalhada por mercados:

Aqui vou analisar o desempenho na base comparativa com o segundo trimestre de 2019, para desconsiderar o efeito intenso da pandemia e do lockdown do ano passado.

O que chama a atenção é que o volume de vendas foi 14% maior do que no segundo trimestre de 2019 no Brasil – imprimindo um ritmo de crescimento quase 5 vezes mais forte do que 6 anos atrás.

Rodolfo Amstalden
“Eu e os analistas da minha equipe acreditamos que a companhia pode alcançar o múltiplo da Lululemon (8,6x), uma marca canadense premium de artigos esportivos”, afirma Rodolfo Amstalden (Imagem: Murilo Constantino/Empiricus)

Nos Estados Unidos, uma operação que sempre teve dificuldade de tracionar, os volumes cresceram 41% frente a 2019.

O fato é que nos últimos 12 meses, a Alpargatas soma R$ 4,04 bilhões em receitas. Em termos nominais, é quase o mesmo dos anos de 2015 e 2016, mas, dessa vez, o número é explicado por uma nova história sólida.

Cada vez mais suas marcas conversam entre si e os resultados surpreendentes se explicam pelo aumento nos volumes de vendas e, não, pelo câmbio.

O ritmo de crescimento das receitas da Alpargatas da companhia se equipara ao das marcas mais hypadas de moda do mundo.

Ao anunciar o balanço do segundo trimestre, o CEO Roberto Funari deu entrevista ao Valor Econômico e comentou que vai focar em fusões e aquisições na área de soluções digitais. Esse é um exemplo da mudança de postura em relação à comunicação corporativa.

Portanto, essa equação de narrativa mais resultados positivos tem empurrado a expansão dos seus múltiplos.

A Alpargatas negocia a um indicador de EV/Sales (valor da firma sobre as vendas) de 6,9x, superior ao da Nike (5,4x).

E eu e os analistas da minha equipe acreditamos que a companhia pode alcançar o múltiplo da Lululemon (8,6x), uma marca canadense premium de artigos esportivos.

Por isso, a ALPA4 figura entre as nossas principais apostas no PRP, junto com outras ações promissoras do Brasil e exterior, fundos imobiliários e ativos de renda fixa – uma carteira diversificada com foco no longo prazo.

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Um abraço,

Rodolfo.

Sócio-fundador da Empiricus
Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.
Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.
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