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Rodolfo Amstalden: Um exercício contrafactual – a escolha da pílula azul

11 fev 2021, 13:38 - atualizado em 11 fev 2021, 13:38
Rodolfo Amstalden
“As pessoas que tomam a pílula azul são iludidas e felizes, enquanto o acesso à verdade vem necessariamente acompanhado de desgraça em relação à vida”, diz o colunista (Imagem: Murilo Constantino/Empiricus)

Quando Neo se encontra pela primeira vez com Morpheus, toda a curiosidade acumulada desde o início da história vem à tona.

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Neo quer entender do que se trata exatamente aquilo.

Cara, eu estava tranquilão no meu apto cubículo, no meu trampo entediante. Minha vida virou de cabeça para baixo da noite para o dia. Então, que porra é essa de “The Matrix”?

A resposta é inefável. Não há como responder por meio de palavras, e a explanação não deve ser dada por outra pessoa; deve vir de você mesmo, da sua própria percepção.

Ciente dessas limitações epistemológicas, Morpheus propõe o único método possível para compreender a Matriz: o conhecimento obtido através do trade-off.

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Duas pílulas são apresentadas: uma é azul e a outra é vermelha. Mutuamente excludentes. Só podemos engolir uma delas.

A escolha fica inteiramente a cargo de Neo, ele é quem vai decidir.

Se ficar com a pílula azul, long story short. Acordará de volta ao travesseiro, sonho estranho, e passará o resto da vida acreditando naquilo em que quiser acreditar.

Já com a pílula vermelha, Neo vai adentrar os bastidores da Matriz, passando a ver o mundo como realmente é.

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Pelos preceitos do Iluminismo, a revelação permitida pela pílula vermelha parece largamente preferível à alienação associada à pílula azul.

No entanto, ao aproximar suas mãos da pílula vermelha, Neo recebe um último alerta de Morpheus:

“Lembre-se, tudo o que estou lhe oferecendo é a verdade; nada além disso”.

Na sequência do enredo, descobrimos que a verdade é extremamente dolorosa e desconfortável.

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As pessoas que tomam a pílula azul são iludidas e felizes, enquanto o acesso à verdade vem necessariamente acompanhado de desgraça em relação à vida.

Esse é o grande trade-off.

Os adeptos do value investing optaram também por tomar a pílula vermelha, a exemplo de Neo.

Com isso, receberam a dádiva de conhecer a verdade, e nenhum centavo além disso.

Já os demais investidores optaram por acreditar naquilo em que querem acreditar, e parte dessa crença se traduz em um saldo bancário maior.

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Muitos cinéfilos se perguntam o que teria acontecido com Neo se ele tivesse tomado a pílula azul.

Em questão de minutos, seus problemas de disfunção erétil seriam efetivamente endereçados.

Hoje ele estaria rico, com um portfólio long only contendo bitcoins, big techs e IPOs de destaque no Brasil.

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Sócio-fundador da Empiricus
Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.
rodolfo.amstalden@moneytimes.com.br
Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.
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