Sabesp (SBSP3) bate de frente com Tanure em compra da EMAE; veja a reação do mercado ao negócio

A Sabesp (SBSP3) anunciou no domingo (5) a aquisição da maior parte das ações da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE). A operação é vista como pequena do ponto de vista do investimento, mas nos bastidores mexe com um nome conhecido do mercado: o empresário Nelson Tanure.
Em fato relevante, a Sabesp informou a celebração de dois contratos distintos. Um deles foi firmado com a Eletrobras, dona de 66,8% das ações preferenciais da EMAE, ao valor de R$ 32,07 por ação.
Já o segundo ocorre com a Vórtx, agente fiduciário dos debenturistas da Primeira Emissão de Debêntures da Phoenix Água e Energia, para a compra de 74,9% das ações ordinárias da EMAE, pelo preço de R$ 59,33 por ação. É aqui que Nelson Tanure entra na história.
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O empresário arrematou a Emae no ano passado e deu as ações em garantia da emissão de debêntures da Phoenix Água e Energia. Como não houve o pagamento de juros, houve a execução de dívida que resultou no negócio com a Sabesp (leia mais abaixo).
Segundo informações do Pipeline, no Valor Econômico, o empresário não irá abrir mão da EMAE tão fácil e já acionou a Justiça em São Paulo e no Rio de Janeiro após ter sido pego de surpresa com o anúncio da transação.
No pregão desta segunda (6), as ações da Sabesp reagem com neutralidade ao anúncio. Por volta de 12h25 (horário de Brasília), as ações SBSP3 tinham recuo de 0,56%, a R$ 126,87. Acompanhe o tempo real. Com menos liquidez, os papéis da EMAE (EMAE4) subiam 1,39% no início da tarde, a R$ 35,71.
Sabesp (SBSP3): ação rápida por ativo estratégico
Em teleconferência para tratar do fato relevante, executivos destacam que a Sabesp enxerga a compra da EMAE como estratégica para aprimorar a segurança de abastecimento hídrico na região metropolitana de São Paulo.
A expectativa é de que conclusão da operação ocorra no início de 2026.
O diretor financeiro da Sabesp, Daniel Szlak, afirmou que a companhia conseguiu tomar uma “ação rápida”, ao ser abordada por credores da EMAE há algumas semanas, uma vez que já tinha olhado com interesse para a companhia anteriormente.
Após a conclusão das transações, a Sabesp passará a deter 70,1% do capital social total da EMAE, com custo total de R$ 1,13 bilhão.
A consumação das operações está sujeita à aprovação de autoridades regulatórias e concorrenciais, entre outras condições suspensivas.
Movimento da Sabesp é positivo?
Do ponto de vista da aquisição, analistas avaliam o movimento da Sabesp de neutro a positivo.
O JP Morgan é um dos que apontou o movimento como neutro à primeira vista, avaliando que o investimento parece non-core (não essenciais). O banco tem recomendação de compra para a ex-estatal.
Para o Citi, a aquisição reforça a estratégia de longo prazo da Sabesp de integrar ativos de água e energia na Grande São Paulo. Assim, a companhia consegue aprimorar o controle operacional e a segurança hídrica.
“A EMAE possui e opera os sistemas de reservatórios Guarapiranga e Billings e o complexo hidrelétrico Henry Borden, que estão estrategicamente localizados dentro da principal região de abastecimento de água da Sabesp”.
Ao consolidar a gestão desses ativos, a Sabesp visa otimizar o uso dos reservatórios existentes, melhorar a flexibilidade em cenários de seca e reduzir a dependência de onerosas transferências de água entre bacias do Paraíba do Sul e Sorocaba.
O banco manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 145.
O Itaú BBA vê o anúncio como positivo, avaliando a transação como pequena, mas estratégica, com sinergias claras com a Sabesp.
“Embora relativamente pequena em termos financeiros, a transação aumenta significativamente a capacidade da Sabesp de gerir e captar recursos hídricos de dois dos reservatórios mais críticos de São Paulo, Billings e Guarapiranga, ao mesmo tempo em que integra ativos de energia de baixo risco e geradores de caixa”, dizem os analistas.
A recomendação do BBA também é de compra.
Na visão do UBS BB, a transação deve levar a Sabesp a uma estrutura de capital mais eficiente. O banco manteve a classificação Neutra com preço-alvo de R$ 136 por ação.