Sabesp (SBSP3): Reservatórios de água de SP recuam a pior nível desde crise hídrica

O nível de água armazenada nos mananciais que abastecem a região metropolitana de São Paulo segue recuando em agosto, atingindo o menor nível desde a crise hídrica ocorrida 10 anos atrás, segundo dados da empresa de saneamento do estado, Sabesp (SBSP3).
Nesta segunda-feira (25), o percentual de água armazenada nos sete sistemas que abastecem a região metropolitana era de 38,4%, entrando no patamar dos 30% também pela primeira vez desde 2015.
Naquela época, o nível dos reservatórios de São Paulo, que ainda não contava com uma série de obras de interligação de sistemas de abastecimento, havia recuado para menos de 10%.
“A preocupação é pertinente, sim”, disse Desirée Brandt, meteorologista e sócia-executiva da consultoria meteorológica Nottus.
“E é pertinente porque os reservatórios estão em condição baixa, e para recuperar os reservatórios, vamos precisar de chuva bem acima da média”, acrescentou Brandt.
O quadro de seca no estado tem persistido há alguns meses. Segundo dados do final da semana passada da Agência Nacional de Águas (ANA), em julho o fenômeno da seca se intensificou em São Paulo, com seca considerada como “grave” voltando a ser registrada em 12% do estado.
Segundo a ANA, “é a pior condição desde outubro de 2024, quando foram registrados 47% de seca grave no território paulista”. Com isso, São Paulo teve a maior severidade da seca entre os estados do Sudeste em julho, afirmou a agência.
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Neste início de semana, a pior situação está no manancial de Rio Claro, na região de Salesópolis, a cerca de 80 km da capital, que está com nível de 23,2% de água, abaixo dos 27,8% de um ano antes.
A melhor situação entre os sete mananciais que abastecem a região metropolitana é o de Cotia, com 60,1% da capacidade. O sistema é formado por três reservatórios e além de Cotia abastece cidades como Embu das Artes e Itapecerica da Serra.
A Sabesp confirmou em comunicado que o nível total de 38,4% de armazenamento está “abaixo do habitual, reflexo do período de poucas chuvas”.
A companhia, que passou a ter gestão privada em meados do ano passado, afirmou que desde a crise hídrica de 10 anos atrás tem realizado “obras e investimentos” que incluíram a interligação Jaguari–Atibainha, o Sistema São Lourenço e a transferência de água do rio Itapanhaú.
O sistema Cantareira, o maior do conjunto de mananciais, estava nesta segunda-feira com uma capacidade ocupada de 35,9%, ante 41,2% no final de julho e 58,4% em 25 de agosto do ano passado.
O volume armazenado no Cantareira somava 352,6 milhões de metros cúbicos, ante 395,5 milhões de contidos em todos os outros seis sistemas.
Segundo Brandt, da Nottus, os modelos de previsão estão indicando de maneira recorrente que as chuvas mais significativas para ajudar a recuperar os reservatórios devem começar a partir de meados de setembro, “na época certa”.
“Mas a gente pode terminar o próximo período úmido sem gordura para as próximas temporadas de seca”, disse a meteorologista se referindo ao período que vai do final do ano até o período entre março e abril.
Brandt afirmou que desde 2013, o estado de São Paulo teve apenas três verões com chuvas dentro ou acima da média histórica.
Segundo os dados da Sabesp, em agosto, choveu apenas 0,5 milímetros no sistema Cantareira até agora, ante uma média histórica de 34,2 milímetros.
“A Sabesp tem que fazer um trabalho de conscientização para a população (não desperdiçar água). Esse trabalho vai ser muito importante neste verão”, disse ela, citando que o retorno das chuvas no período poderá desestimular a economia de água.
“Vai ser um grande desafio conscientizar as pessoas que mesmo chovendo tem que economizar.”