Câmbio

Saiba como o dólar poderá ser afetado pelas eleições e o mercado internacional em 2022

02 abr 2022, 17:00 - atualizado em 01 abr 2022, 19:52
Dólar
Especialistas ouvidos pelo Money Times comentam cenários prováveis para o dólar em 2022 (Imagem: Pixabay/webandi)

A seis meses do primeiro turno das eleições no Brasil, com uma guerra influenciando cadeias de abastecimento globais e mercados do mundo todo, quais são as principais previsões para a cotação do dólar até o fim de 2022?

Especialistas ouvidos pelo Money Times comentam cenários prováveis.

R$ 5,80 estava “desajustado”

Para Paulo Feldman, economista e professor da USP, a perspectiva é de um valor menor para o câmbio.

O economista crê que os valores rondando os R$ 5,80 observados durante os primeiros meses de 2022 foram “desproporcionais” e a moeda não deve ultrapassar os R$ 5 ao fim do ano.

“O balanço é de certo fortalecimento do real”, diz.

Feldman crê que o ciclo de valorização de commodities pode ajudar a manter o dólar mais baixo, já que países exportadores, como o Brasil, obtiveram uma injeção da moeda estrangeira em suas economias. Segundo o especialista, eles vão continuar vendendo.

O economista também cita o aumento da taxa básica de juros, a Selic, como um fator que puxa o câmbio para baixo.

O Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou a Selic em 1 p.p. em sua última reunião, no dia 16 de março, deixando-a em 11,75%.

A escalada de altas da taxa de juros tem sido uma resposta do Banco Central à inflação, atualmente em 10,54%.

Além disso, Feldman vê as ações da bolsa brasileira como atrativas, devido o seu baixo preço. Isso faz com que estrangeiros invistam no país.

“Trouxeram dinheiro e aplicaram no Brasil”, afirma.

Feldman não exclui a possibilidade de investidores retirarem os dólares do país em meio a instabilidades políticas causadas pelas eleições, mas compara a situação brasileira com outra grande economia em situação mais complicada: a Rússia.

“Investidores veem que o Brasil, apesar de tudo, é mais tranquilo e seguro do que muitos países emergentes que estão por aí”, completa o economista.

Cenário cauteloso

Alessandra Ribeiro, sócia-diretora na área de macroeconomia e análise setorial da Tendências, afirma que o cenário-base da consultoria é o dólar girando em torno de R$ 5,30.

Para a economista, o mercado ainda está dando o “benefício da dúvida” à campanha eleitoral, no aguardo por agitações.

“Nosso cenário sempre foi o de uma eleição polarizada”, afirma.

Entretanto, Ribeiro cita que o mercado espera a consolidação de uma agenda econômica pragmática pelo candidato com mais chances de vitória, o ex-presidente Lula.

A analista define o movimento de Lula em abarcar Geraldo Alckmin na sua chapa como um “esforço de coalizão”, bem visto aos olhos do mercado.

A Tendências também prevê que as commodities, atualmente valorizadas, sofrerão com uma acomodação nos preços no mercado internacional no segundo semestre.

Além disso, a consultoria considera em sua análise a elevação nas taxas de juros por parte de bancos centrais de economias como os Estados Unidos. Tais fatores podem contribuir para um viés de alta do dólar.

“Somos mais cautelosos, neste sentido”, conclui.

Analistas já foram mais pessimistas

Conforme divulgado na última edição do relatório Focus, do Banco Central, analistas têm tido expectativas mais otimistas sobre o valor da moeda.

O relatório do BC  mostra que o mercado prevê o dólar a R$ 5,25 em 2022 e R$ 5,20 em 2023.

Há quatro semanas, a previsão era pior: para 2022, esperava-se um câmbio de R$ 5,50, enquanto para 2023 a expectativa era de R$ 5,31.

O Itaú BBA segue a linha do Focus, prevendo o fechamento do ano com o dólar a RS 5,25, enquanto a XP Investimentos aposta em R$ 5,20.

Estagiária
Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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