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Saiba por que 2020 pode ser o ano do tudo ou nada para a Netflix

13 dez 2019, 15:06 - atualizado em 13 dez 2019, 15:11
Netflix
Segundo o colunista Haris Anwar, a Netflix vai ter um início de 2020 dividido por um cenário de concorrência (Imagem: Gustavo Kahil/ Money Times)

Por Haris Anwar/Investing.com

A gigante do streaming Netflix (NFLX)  iniciará o ano de 2020 com os analistas cada vez mais divididos em relação ao seu destino. Depois de levar a cabo uma forte estratégia de crescimento ao longo de vários anos, a empresa está começando a enfrentar um cenário inédito de concorrência.

Essa mudança sísmica no setor está fazendo com que os analistas cortem suas previsões de crescimento para a empresa e recomendem que os investidores fiquem de fora do papel.

Nesta semana, a ação teve sua recomendação rebaixada para “venda” pela Needham, que afirmou que a gigante do streaming corria o risco de perder milhões de clientes nos EUA em 2020 em razão do aumento da concorrência, inclusive de rivais de baixo custo.

No início deste mês, os analistas do Citi rebaixaram a ação para “neutra”, dizendo que as estimativas de Wall Street estavam muito altas.

No grupo das cinco principais ações de tecnologia, que inclui o Facebook (FB) e a Alphabet (GOOGL), a Netflix  foi a que menos se valorizou em 2019, subindo um pouco mais de 10%, devido às preocupações dos investidores com seu futuro crescimento. Suas ações estavam sendo negociadas a US$ 298,44 no fechamento de ontem.

Netflix Mensal
Netflix Mensal

Essas posições baixistas surgiram depois de alguns trimestres difíceis que a Netflix enfrentou em termos de crescimento no número de assinantes.

Em outubro, a empresa ficou abaixo da sua meta de aumento de assinaturas pelo segundo trimestre consecutivo, levantando dúvidas quanto à sua capacidade de continuar gerando crescimento de dois dígitos, no momento em que empresas tradicionais de mídia começam a oferecer seus próprios produtos de streaming.

Em outubro, a empresa ficou abaixo da sua meta de aumento de assinaturas pelo segundo trimestre consecutivo

No curso normal dos acontecimentos, esse baixo desempenho provavelmente não teria atraído tanta negatividade, porque a Netflix vinha gerando crescimento de forma consistente, além das expectativas dos analistas.

Mas a maior preocupação desta vez é que sua desaceleração ocorre no momento em que duas grandes concorrentes, a Walt Disney (DIS) e a Apple (AAPL), entraram com tudo em seu mercado, oferecendo uma estrutura de preços competitiva.

A Netflix “precisa oferecer um segundo serviço mais barato para competir com o Disney+, Apple+, Hulu, CBS All Access e Peacock”, escreveu Laura Martin, analista da Needham, prevendo que a companhia pode perder 4 milhões de assinantes nos EUA no ano que vem, se não realizar mudanças.

Como o balanço da companhia “não consegue suportar uma receita menor”, a Needham recomendou a criação de uma faixa de preço com um custo mensal mais baixo e o apoio da receita publicitária.

Mais despesas com conteúdo

Jason Bazinet, analista do Citi, apresentou dois cenários: ou a Netflix precisará gastar ainda mais com conteúdo, ou as estimativas de assinantes precisará cair em Wall Street após a mudança nas condições de mercado.

E nenhum desses dois cenários é bom para a ação. Se a Netflix gastar mais com conteúdo, suas margens serão prejudicadas, podendo fazer com que o papel se desvalorize 15%, segundo os cálculos do analista. Dos dois males, o menos pior talvez seja uma desaceleração nas adições de assinantes, que pode gerar um recuo de 5% na ação.

Esses riscos definitivamente tornam a Netflix em uma aposta arriscada em 2020, mas não significa que a companhia tenha perdido completamente sua base de fãs. De fato, existe uma divergência de visões entre a comunidade de analistas e o que o atual preço das ações reflete.

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Ou a Netflix precisará gastar ainda mais com conteúdo, ou as estimativas de assinantes cairão em Wall Street após a mudança nas condições de mercado (Imagem: Facebook oficial)

“Enquanto a Netflix aumenta os investimentos em conteúdo, as parcerias de distribuição e as despesas de marketing para impulsionar o crescimento de assinaturas acima das expectativas de consenso, buscando, assim, se aproximar da lucratividade, continuamos acreditando que as ações da NFLX superarão seu desempenho de forma significativa”, escreveram analistas do Goldman Sachs em uma nota recente, fixando a meta de preço de 12 meses a US$ 420 por ação.”

Essa visão baixista para a Netflix ainda é minoritária. Sete casas recomendam venda na ação, de acordo com dados compilados pela Bloomberg, em comparação com 29 recomendações de compra e 10 de neutralidade. O preço-alvo médio é de US$ 353, o que implica uma alta de cerca de 19% em relação ao preço atual da ação.

Resumo

A jornada ascendente das ações da Netflix  ocorreu em grande parte sem sobressaltos na última década. Mas, com o aumento da concorrência, custos crescentes e a saturação do mercado doméstico, será cada vez mais difícil para a gigante do streaming repetir esse desempenho. Por essas razões 2020 pode ser o ano do tudo ou nada para a Netflix.

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