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Salto de 60% nas ações da Apple desde dezembro é sustentável?

11 out 2019, 7:14 - atualizado em 11 out 2019, 7:25
Apple está perdendo força rapidamente, depois que a empresa lançou o iPhone 11 (Imagem: Qilai Shen/Bloomberg)

Por Haris Anwar/Investing.com

A Apple Inc (AAPL), fabricante dos populares iPhones, certamente está deixando seus investidores felizes. A ação está mostrando forte resiliência, surpreendendo muitos analistas que pensavam que o envelhecimento dos seus negócios com telefones pesaria bastante sobre sua cotação.

Mas essa perspectiva pessimista para a Apple (AAPL) está perdendo força rapidamente, depois que a empresa lançou o iPhone 11, que, ao contrário de vários outros modelos anteriores, está sendo recebido com entusiasmo pelo mercado. De fato, o jornal Nikkei do Japão informou, na semana passada, que a Apple havia orientado seus fornecedores a aumentar a produção do iPhone 11 em 10%.

Essa notícia vai ao encontro da melhoria nas projeções de muitos analistas, que obtiveram feedbacks similares da cadeia de fornecimento da empresa. As estimativas consensuais em Wall Street para entregas de iPhones no ano fiscal corrente da Apple (AAPL) aumentaram em 3 milhões de unidades desde que os novos modelos começaram a ser vendidos no dia 20 de setembro, de acordo com a FactSet.

“Estamos aumentando modestamente nossas previsões de volume para o iPhone e esperamos que o sentimento dos investidores com os papéis da Apple (AAPL) melhore substancialmente”, declarou Samik Chatterjee, analista do J.P. Morgan, em uma nota recente, elevando o preço-alvo para a ação de US$ 243 para US$ 265.

“Também estamos aumentando as expectativas de volume para o ano-calendário de 2020/2021 por causa da maior adoção de iPhones habilitados para a tecnologia 5G, que serão lançados em setembro de 2020”, afirmou Chatterjee.

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Graças a esses catalisadores positivos, as ações da Apple (AAPL) atingiram a máxima histórica de US$ 229,93 no dia 7 de outubro. Negociados a US$ 227,03 no fechamento de ontem, seus papéis tiveram um repique de cerca de 60% desde que atingiram a mínima de dezembro do ano passado. Mas a grande questão daqui para frente é se essa tendência de alta é sustentável e se este é o momento certo para apostar na compra das ações da Apple.

Problemas na cadeia de fornecimento

Os riscos para a fabricante dos iPhones são vários e sérios. O maior deles é a interrupção da enorme cadeia de fornecimento da companhia – uma ampla rede de fornecedores de baixo custo – se a disputa comercial entre EUA e China se intensificar. Autoridades da China se reunirão com uma delegação dos EUA nesta semana para tentar sanar suas diferenças.

Há notícias de que a China esteja disposta a firmar um acordo comercial restrito, caso o presidente dos EUA, Donald Trump, demonstre alguma flexibilidade com as tarifas.

Além do otimismo com o iPhone 11, os investidores estão cada vez mais confiantes de que a China não vai prejudicar a Apple (AAPL) se a atual disputa comercial se prolongar, por causa da grande contribuição da empresa à economia do país.

Em uma recente nota aos clientes, o analista do Bank of America, Wamsi Mohan, disse que é pouco provável um cenário em que a Apple seja pega no fogo cruzado entre EUA e China.

Com a reavaliação dos riscos na China, os investidores estão novamente voltando suas atenções à forte linha de produtos da empresa e aos seus esforços de acelerar as vendas através da sua divisão de serviços.

Outro fator que aumentará a demanda por novos hardwares é a implementação dos telefones de quinta geração, ou 5G, em 2020.

As estimativas de Wall Street para o impacto dos iPhones 5G na Apple (AAPL) são muito conservadoras, de acordo com Kyle McNealy, analista da Jefferies.

“Acreditamos que Wall Street está subestimando o benefício que a AAPL obterá com a chegada do ciclo 5G”, declarou McNealy em uma nota aos clientes na semana passada.

As estimativas de Wall Street de que a Apple (AAPL) venderá 190 milhões de aparelhos 5G em 2021 estão 9% abaixo da média de seis anos de volume de unidades do iPhone. McNealy disse ainda que essas estimativas são muito conservadoras. Ele acredita que 208 milhões de iPhones serão entregues em 2021.

A recente tendência de alta na ação também reflete o sucesso do CEO Tim Cook em diversificar a receita da Apple (AAPL) além dos iPhones.

Os serviços da companhia, que incluem Apple Music, aluguéis de filmes e downloads de aplicativos, tiveram um crescimento de 33% no ano passado, e as vendas atingiram US$ 40 bilhões, respondendo por cerca de 15% das vendas totais de US$ 265,6 bilhões da companhia.

Até agora no ano, essa tendência se mantém. A receita da Apple (AAPL) com iPhones caiu US$ 19 bilhões no período de nove meses encerrado em junho. As vendas de todo o resto aumentaram US$ 12,6 bilhões combinados, mostrando a rapidez com que a divisão de Serviços está compensando essa queda.

Essa contribuição sem dúvida acelerará assim que a nova linha de serviços da companhia – streaming de vídeo, Apple (AAPL) Pay e jogos – começar a gerar dinheiro.

Essa contribuição para a receita total da Apple, de acordo com uma estimativa do Morgan Stanley (MS), continuará crescendo e pode gerar cerca de 60% do faturamento da Apple nos próximos cinco anos.

Conclusão

O recente movimento de alta na Apple (AAPL) está respaldado por melhorias concretas nos fundamentos da empresa e na reprecificação do risco que os analistas haviam associado à guerra comercial sino-americana.

Continuamos recomendando as ações da Apple para investidores de longo prazo que querem ter um sólido nome de tecnologia em sua carteira.

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