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Sanepar: resultado foi uma cilada anunciada, mas nem tudo está perdido

13 fev 2021, 12:06 - atualizado em 13 fev 2021, 12:15
Saneamento
A companhia de saneamento do Paraná viu seu lucro cair 24,6%, para R$ 291 milhões (Imagem: Divulgação/Sanepar)

Os resultados da Sanepar (SAPR11) do quarto trimestre decepcionaram analistas, com os principais indicadores ficando abaixo do esperado.

A companhia de saneamento do Paraná viu seu lucro cair 24,6%, para R$ 291 milhões, enquanto a receita somou R$ 1,2 bilhão, redução de 7,7%.

O resultado ficou em linha com o que a XP esperava, dado que o menor resultado operacional foi compensado por menores despesas financeiras líquidas.

Por outro lado, o Ebitda ajustado de R$ 547,0 milhões foi 13,1% abaixo das estimativas na corretora, refletindo as quedas nos volumes de água e esgoto, tarifas abaixo do esperado e custos maiores.

“Na nossa visão, esse desapontamento de resultados frente às nossas expectativas ilustra perfeitamente os impactos negativos do ambiente regulatório precário que a Sanepar se encontra”, apontam Gabriel Francisco e Maira Maldonado, que assinam o relatório.

Os números também desagradaram o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, que destacou a queda dos volumes e receitas de água e esgoto.

Além disso, ele afirma que o diferimento do reajuste tarifário de 2020 defasou suas receitas, diante de um rodízio de 36 hs por 36 hs que limita sua operação, registrando aumento no SG&A (Despesas de Vendas, Gerais e Administrativas) “que julgamos incompatível com seus níveis de crescimento de receitas atuais”.

Nem tudo está perdido

Apesar disso, o Inter Research destaca que a empresa segue crescendo, mesmo com as adversidades, como a crise hídrica no Paraná e o risco regulatório da Agepar.

O número de ligações de água no final de 2020 foi superior em 2,5% em comparação a 2019, representando um incremento de mais de 79 mil ligações.

No mesmo período, as ligações de esgoto tiveram um crescimento de 3,5%, acréscimo de mais de 77 mil.

“Crise hídrica, desdobramentos da pandemia da Covid-19 e questionamentos do reajuste tarifário. Contudo, a performance no ano mesmo dentro deste cenário foi razoável, em nossa opinião, com elevação da receita 1,6% e uma queda de apenas 2% do Ebitda. Entendemos que a escassez de chuvas no Paraná não será perpétua e a Sanepar deverá recorrer da decisão da Agepar”, afirma o analista Rafael Winalda.

A visão mais otimista também foi reforçada pela o BTG. Os números da companhia ficaram em linha com esperado pela corretora.

“Os volumes ainda estão sendo impactados pela precária situação hidrológica do estado do Paraná. Mesmo assim, a empresa fez um ótimo trabalho no controle de custos”, destaca.

O BTG lembra que custos gerais caíram 3% ano a ano, com pessoal, material e despesas de terceiros caindo 7%. A inadimplência passou de R$ 6 milhões no quarto trimestre de 2019 para R$ 35 milhões neste trimestre.

“Com tudo o que está acontecendo com a Sanepar, pode-se argumentar que o nome tem um desconto excessivo, sendo negociado a um EV/RAB (base de ativos regulatórios) implícito de 0,55 vezes para o final de 2021”, aponta.

Recomendações

Corretora Recomendação Preço-alvo
Ativa Em revisão R$ 34
BTG Compra R$ 32
XP Neutra R$ 24,5
Inter Research Compra R$ 33

 

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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