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Santander: euforia do mercado com o banco pode durar pouco

28 abr 2020, 17:48 - atualizado em 28 abr 2020, 17:48
Santander
Exposição preocupante: para analistas, reservas para inadimplência poderiam melhorar (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

Os investidores comemoraram os resultados divulgados nesta terça-feira (28) pelo Santander, referentes ao primeiro trimestre, da melhor forma possível: com uma disparada no valor das units (SANB11) listadas na B3, compostas por uma ação ordinária (SANB3) e uma preferencial (SANB4).

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Por volta das 17h, os papéis registravam um salto de 10,89% e eram negociados por R$ 27,08. Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice do pregão brasileiro, avançava 3,70% e marcava 81.132 pontos.

Mas, para os analistas, a empolgação pode durar pouco. Embora elogiem os resultados do Santander no início do ano, os relatórios divulgados ao longo do dia não trouxeram nenhuma revisão importante – seja uma melhoria na recomendação, seja um aumento do preço-alvo.

O BB Investimentos, por exemplo, manteve o rating do banco em marketperform, isto é, desempenho esperado em linha com o mercado, e o preço-alvo de R$ 36.

Assinado por Vinícius Soares e Wesley Bernabé, o relatório da gestora do Banco do Brasil destaca a surpresa com algumas linhas do balanço, mas se preocupa mais com “uma deterioração do cenário para os bancos” no segundo trimestre, “visto que os impactos no setor demoram um pouco a ocorrer”, referindo-se à pandemia de coronavírus.

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A dupla cita, como um ponto positivo, a antecipação do aumento de provisões contra uma eventual onda de inadimplência nos próximos meses. A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) subiu 30,7% e, agora, equivale a 3,7% da carteira de crédito.

Indícios

O BB Investimentos nota que o percentual está um pouco abaixo dos 4,6% que atingiu no auge da recessão brasileira de 2016-2017. De qualquer modo, ao antecipar a provisão de reservas, o Santander tem mais condições de suavizar o impacto da crise nos próximos meses, segundo os analistas.

Na dúvida, a dupla da gestora opta pela cautela, e afirma que continuará acompanhando de perto alguns indicadores, como os índices de capital e de inadimplência e a retomada das receitas (tanto na área de crédito, quanto tarifas e taxas).

Bradesco
Destaque: UBS prefere Bradesco, Itaúsa e Itaú ao Santander (Imagem: Gustavo Kahil/ Money Times)

O UBS também elogiou os números apresentados pelo Santander, mas manteve sua recomendação neutra para as units e o preço-alvo de R$ 30, em relatório escrito por Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Philip Finch, ao qual o Money Times teve acesso.

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A principal preocupação do trio do UBS é, justamente, a cobertura providenciada pelo banco para eventuais calotes. Os analistas não se convenceram de que o montante reservado seja suficiente.

Pelos seus cálculos, o índice de cobertura para os créditos não produtivos (NPL, na sigla em inglês) baixou de 209% no quarto trimestre para 194% no início de 2020. O índice de cobertura mostra quanto tempo o banco seria capaz de cobrir os empréstimos não pagos pelos clientes.

Para o UBS, o recuo do índice “mostra claramente que o banco não contabilizou provisões suficientes, antes da esperada deterioração da qualidade dos ativos”. Um sinal que reforça essa opinião é que, no primeiro trimestre, o aumento das provisões cobriria apenas 78% dos créditos gerados no período.

Se o Santander mantivesse o ritmo de cobertura do quarto trimestre, as provisões deveriam ser R$ 700 milhões maiores que as informadas, de acordo com o UBS.

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Por tudo isso, o banco suíço também não se animou com o Santander. Embora considere que os múltiplos mostram que suas units estão baratas, na comparação com os concorrentes brasileiros, o UBS ainda prefere o Bradesco (BBDC4) e a Itaúsa (ITSA4), seguidos pelo Itaú Unibanco (ITUB4).

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
marcio.juliboni@moneytimes.com.br
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