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Santander (SANB11) pode dar adeus à bolsa? Não me surpreenderia, diz CEO a analistas

17 jun 2025, 16:19 - atualizado em 17 jun 2025, 16:19
Mario Leão Santander
Em conversa com analistas, o CEO do banco, Mário Leão, foi questionado sobre o tema e respondeu que “não se surpreenderia caso o grupo optasse por fechar o capital” (Imagem: Divulgação)

Em meio a juros altos e uma bolsa ainda descontada, apesar da recuperação recente, alguns controladores correm para tirar suas empresas da bolsa.

Um dos possíveis alvos seria o Santander Brasil (SANB11). Quinto maior banco do país, a filial do espanhol abriu seu capital em 2009, captando cerca de R$ 14,1 bilhões (aproximadamente US$ 8,9 bilhões).

De lá para cá, a ação subiu 35%, enquanto o Itaú (ITUB4), por exemplo, valorizou 193% no mesmo período.

Por que se fala em fechamento de capital?

Em relatório, a Genial Investimentos destaca que o burburinho sobre um possível fechamento de capital do banco cresceu. A corretora cita três motivos principais:

  1. Valuation descontado: o Santander Brasil negocia a 8,5x P/E (múltiplo preço sobre lucro) 2024 e 7,3x P/E para 2025, com 1,16x P/VP (preço sobre valor patrimonial) para 2025, abaixo dos múltiplos da holding na Espanha.
  2. Potencial de geração de valor: o Santander Espanha negocia a 9,3x P/E 2024, 8,1x P/E 2025 e 1,05x P/VP 2025, o que tornaria a transação acretiva em lucro por ação, ou seja, aumentaria o lucro por ação do controlador.
  3. Baixo custo para o controlador: o free float (percentual das ações que está em circulação no mercado, fora das mãos do controlador) representa apenas 10% do capital, equivalente à cerca de R$ 11,2 bilhões (US$ 2 bilhões), valor considerado viável, dada a atual geração de caixa do grupo.

Em conversa com analistas, o CEO do banco, Mário Leão, foi questionado sobre o tema e respondeu que “não se surpreenderia caso o grupo optasse por fechar o capital”.

Outro argumento levantado pela Genial envolve o cenário político.

“Há expectativa de valorização das ações brasileiras, o que poderia motivar uma movimentação antecipada do controlador para evitar uma deterioração na relação de troca com minoritários”, afirma o relatório.

Não seria inédito

O Santander já fechou o capital de sua filial no México em 2023.

No Brasil, em 2014, propôs uma troca de ações aos minoritários, com um prêmio de cerca de 20% sobre o valor de mercado.

Na época, porém, a instituição afirmou que não tinha intenção de sair da bolsa brasileira, e sim de melhorar a avaliação das ações.

Mais recentemente, em maio de 2022, o grupo realizou uma OPA (oferta pública de aquisição) para comprar e deslistar a Getnet, sua operação de adquirência.

Foco nas Américas

Enquanto isso, a CEO global, Ana Botín, tem reiterado o foco na expansão nas Américas, especialmente nos Estados Unidos.

Com alta rentabilidade e excesso de capital, o grupo hoje tem mais liberdade para gerir suas subsidiárias sem depender de aumento de capital via mercado, prática que era comum no passado.

Exemplo disso foi a venda de 49% do Santander Bank Polska e 50% da gestora Santander TFI ao Erste Group Bank (Áustria) por US$ 7,91 bilhões, reduzindo sua participação no Santander Polônia (13%).

“Dado que a operação deixou de ser controlada, não surpreenderia uma venda completa dessa unidade. Com isso, Brasil e Chile permaneceriam como as únicas subsidiárias listadas, além da holding na Espanha”, escreve a Genial.

Caixa robusto do Santander

Ainda segundo a corretora, o grupo mantém uma posição de capital robusta, com CET1 projetado em 13% até o fim de 2025, o que amplia sua capacidade de fazer movimentos estratégicos relevantes.

  • CET1 (Common Equity Tier 1): principal indicador de solvência dos bancos. Mede o percentual de capital de alta qualidade em relação aos ativos ponderados pelo risco.

Por outro lado, o relatório pondera que o grupo historicamente realiza recompras ou fechamento de capital quando os ativos estão descontados por fraqueza operacional.

“Dado que o Santander Brasil vem apresentando bons resultados recentemente, esse tipo de movimento pareceria menos provável no curto prazo”, conclui.

No ano, a ação SANB11 sobe 26%.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.